OMS alerta para possíveis surtos de dengue e zika na Europa 1137

Os países europeus estão em risco de ter surtos de dengue, zika e chikungunya à medida que as alterações climáticas aumentam o alcance dos mosquitos que transportam estas doenças, de acordo com a Organização Mundial da Saúde que, em abril, lançou um alerta para o aumento da vigilância pelas autoridades de saúde. Por outro lado, o facto de as temperaturas extremas já não acontecerem somente no Verão preocupa os dermatologistas: as pessoas podem estar desprevenidas e sem a necessária proteção contra a exposição solar excessiva.

À medida que as catástrofes climáticas ocorrem com maior intensidade e frequência, os especialistas receiam que as doenças transmitidas por insetos se tornem mais comuns, inclusive em regiões do mundo onde atualmente não constituem uma ameaça. Foi isso que aconteceu este ano nos países do hemisfério Sul, que estão agora a sair da estação do Verão, quando, como é habitual, o número de mosquitos aumenta.

«As alterações climáticas têm desempenhado um papel fundamental para facilitar a propagação dos mosquitos no Sul», referiu Raman Velayudhan, chefe do programa global da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o controlo das doenças tropicais negligenciadas, em conferência de imprensa. «Quando as pessoas viajam, naturalmente o vírus vai com elas».

Embora a maioria das pessoas que contraem dengue pela primeira vez experimente uma doença ligeira com uma simples febre e dores no corpo, parte dos indivíduos que a contraem uma segunda vez acabam por ter um caso grave, que pode levar à falência de órgãos e à morte.

O aumento da precipitação, temperaturas mais elevadas e, em alguns casos, a escassez de água pode favorecer a proliferação dos insetos, explicou Raman Velayudhan. Ainda assim, o responsável da OMS lembra que já há várias «ferramentas em desenvolvimento, o que permite ter uma maior esperança na prevenção e controlo da dengue».

Zika preocupa pela possibilidade de transmissão mãe-filho

«Hoje, mais do que nunca, com o número de viajantes que após a covid-19 começa novamente a aumentar, as doenças transmissíveis serão cada vez mais frequentes, mesmo aquelas que achávamos que tínhamos conseguido controlar e outras desconhecidas que irão surgir», diz Filomena Martins Pereira, vice-presidente do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT).

«A mobilidade global, os movimentos migratórios e as alterações climáticas influenciam-se uns aos outros» contribuindo para a possibilidade enunciada pela OMS. «Especificamente no que diz respeito às alterações climáticas, estas podem influenciar o aparecimento de doenças como a dengue, a zika ou a malária, de vários modos. Por um lado, a estação mais quente estende-se e, portanto, os períodos de atividade dos vetores aumentam e as pessoas ficam expostas durante mais tempo; o aumento da temperatura pode originar alterações no comportamento dos vetores que podem facilitar a picada e, por último, haverá no mundo mais locais onde os vetores podem sobreviver e instalar-se».

«A febre, as dores musculares e articulares, a astenia, náuseas, cefaleias são muito comuns nestas doenças», explica a especialista. «Depois, existem os sinais e sintomas clínicos mais associados a umas do que a outras e também as complicações, que podem ser diferentes, variando de doença para doença e de pessoa para pessoa. Estes quadros, tal como se pode ver pela sintomatologia descrita, podem ser muito semelhantes ao da gripe e da covid-19».

A dengue é a doença mais comum, seguida da malária. «Segundo a OMS houve cerca 229 milhões de casos malária em 2019 e entre 100 a 400 milhões de casos de dengue por ano em todo o mundo, sabendo-se que atualmente metade da população mundial está em risco de adquirir a doença».

Em relação à zika, Filomena Martins Pereira esclarece que «geralmente a infeção pelo vírus zika não origina complicações e as pessoas recuperam». Mas «a mulher grávida infetada pode transmitir o vírus zika ao seu recém nascido, o qual pode nascer com problemas cerebrais, nomeadamente microcefalia».

Há medicamentos para a prevenção e cura de algumas doenças

O alerta da OMS deve ser olhado «com serenidade, mas preparando-nos para tal eventualidade, para que não nos apanhe de surpresa». Até porque, como explica a vice-presidente do IHMT, «para umas doenças não existem vacinas, mas existem medicamentos para a sua prevenção e cura (por exemplo, para a malária), enquanto que para a dengue existe neste momento uma vacina que pode ser utilizada dependendo de alguns fatores, nomeadamente se vivemos ou não num país endémico ou se viajamos para um, sendo que neste caso existem várias situações que devem ser ponderados. Para o vírus zika não existe nem vacina nem medicação específica. Neste caso, e uma vez que a infeção é essencialmente problemática na grávida, deve ter-se especial cuidado nesta situação»

Por ocasião do alerta da OMS, também o presidente do IHMT,  em declarações à comunicação social, apontou que «o Sistema Nacional de Saúde tem de estar preparado para a possibilidade de haver casos suspeitos», recordando que há testes rápidos para detetar estas doenças.

Filomeno Fortes lembrou que o facto de o mosquito Aedes albopictus ter sido encontrado em várias regiões do país, aumenta a probabilidade de surtos de dengue, zika e chikungunya. Os ovos podem permanecer em hibernação cerca de um ano.

Apesar de não ser o vetor primário de dengue, chikungunya e zika, o mosquito Aedes albopictus «tem capacidade vetorial para a transmissão destes agentes pelo que é considerado, devido às suas caraterísticas invasivas e vetoriais, um risco em saúde pública», de acordo com o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

Rede REVIVE atenta aos Aedes

Na origem do alerta da OMS está a expansão até à Europa de duas espécies invasoras de mosquitos do mesmo género, Aedes aegypti e Aedes albopictus.

Portugal tem uma rede de vigilância dedicada a doenças como a zika, a malária ou a dengue, que se traduz, segundo o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, num «sistema preparado» para identificar qualquer eventual situação de maior risco «a tempo».

De acordo com Filomena Martins Pereira, a rede REVIVE, sob a coordenação do INSA, «contribui para o conhecimento das espécies de vetores que estão presentes em Portugal, em que regiões do país se localizam e o seu número».

A criação da Rede Nacional de Vigilância de Vetores (REVIVE) visou instalar capacidades nas varias regiões do país para aumentar o conhecimento sobre as espécies de vetores existentes, a sua distribuição e abundância, o impacte das alterações climáticas, e detetar espécies invasoras com importância em saúde pública. O Instituto Ricardo Jorge, como autoridade competente na vigilância epidemiológica, participa no REVIVE através do Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infeciosas (CEVDI).

De acordo com o relatório de 2022 do REVIVE, «o mosquito invasor Aedes aegypti está presente na Região Autónoma da Madeira desde 2005. Outra espécie de mosquito invasor, nomeadamente Aedes albopictus, foi identificado, pela primeira vez, na região norte de Portugal em 2017, no Algarve em 2018 e no Alentejo em 2022. Estas espécies são vetoras de vírus como dengue, zika e chikungunya, e têm vindo a aumentar a sua distribuição geográfica naquelas regiões».

Aumento de casos no hemisfério Sul

O alerta da OMS surgiu depois de vários países da «região das Américas» da OMS terem relatado um aumento dos casos de dengue, zika e chikungunya. As principais cidades da Argentina e da Bolívia emitiram alertas de dengue este ano, enquanto a Colômbia, Uruguai, Bolívia, Peru e Paraguai relataram casos em novas áreas geográficas, incluindo altitudes mais elevadas.

«Em 2022, tivemos um aumento da dengue em muitas partes do mundo. Na região das Américas, foram registados 2,8 milhões de casos, com mais de 1.200 mortes. A disseminação geográfica da dengue está a expandir-se», referiu Raman Velayudhan, chefe da unidade da OMS para o programa global de controle de doenças tropicais negligenciadas.

Também houve um salto nos casos de chikungunya, informou.

«Tivemos cerca de 135.000 casos de chikungunya até 31 de março nas Américas, em comparação com cerca de 50.000 casos durante o primeiro semestre de 2022».

Em fevereiro deste ano, o órgão da OMS para as Américas, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), emitiu um alerta epidemiológico alertando os Estados-Membros a «intensificar as ações de preparação dos serviços de saúde, incluindo o diagnóstico e o manejo adequado dos casos, para enfrentar possíveis surtos de chikungunya e outras arboviroses, para minimizar as mortes e complicações dessas doenças».

Embora o número de casos de zika esteja a diminuir desde 2017, cerca de 40.000 casos ainda são relatados anualmente em 89 países e territórios.

«A situação atual no hemisfério Sul pode ser uma antecipação do que pode acontecer na parte norte da América do Sul, América Central e Caribe. Também devemos estar preparados para detetar alguns casos durante a Primavera e o Verão na Europa e no hemisfério Norte, e também no sudeste asiático, porque a temporada de arboviroses começa lá mais tarde».

Quem quiser viajar para destinos tradicionalmente considerados “exóticos”, deve preparar-se para fazer umas férias seguras. Nesse sentido, Filomena Martins Pereira, responsável da Consulta do Viajante do IHMT, refere que «hoje em dia quem viaja, seja para onde for, devia tentar perceber se precisa de ir à consulta do viajante e, se necessário, marcar consulta numa clínica de referência. Há bastantes centros de vacinação internacional e de referência em Portugal. O IHMT é um deles. Às vezes, mesmo para um destino europeu, há necessidade de cuidados especiais e de vacinas. Assim, o primeiro passo é saber se é necessário ir à consulta do viajante. Nesta, é feita uma avaliação do viajante, da duração da viagem, do local ou locais a que se dirige, que tipo de viagem vai fazer, duração da mesma, a que se segue aconselhamento para evitar riscos de doença e outros e se discute a necessidade de vacinação e de medicamentos. É uma consulta personalizada, que tem como objetivo prevenir que o viajante fique doente ou contamine outros, e que saiba procurar ajuda adequada caso isso aconteça».

Aos farmacêuticos, a vice-presidente do IHMT recomenda que «tentem perceber se os viajantes vão para locais que apresentam riscos para o viajante e os incentivem a ir a uma consulta do viajante, sempre que necessário».

Sol sim, mas com moderação

A exposição excessiva à radiação ultravioleta (UV), que faz parte da energia natural produzida pelo sol, é outro motivo de preocupação dos especialistas.

Normalmente, está dividida em três faixas: UVC (100-290 nm), UVB (290-320 nm) e UVA (320-400 nm). A radiação UVC é filtrada na atmosfera, particularmente na camada de ozono e não atinge a superfície terrestre. Os UVB são filtrados na camada de ozono e apenas 5% chegam à Terra. Os UVA são menos filtrados ao longo da atmosfera e representam 95% da radiação ultravioleta que atinge a superfície.

De acordo com informações da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC), a intensidade da radiação ultravioleta varia ao longo do dia e do ano, sendo mais marcada quando os raios solares atravessam a atmosfera numa trajetória mais perpendicular. A intensidade da radiação ultravioleta é também afetada pelas nuvens, mas em muito menor grau que a luz visível ou os infravermelhos. Assim, apesar da temperatura mais amena, os raios ultravioleta, particularmente os UVB, são pouco filtrados e a queimadura solar ocorre muitas vezes neste contexto.

A radiação ultravioleta a que estamos expostos não é apenas a direta mas também a dispersa e a refletida. «Numa praia, a sombra de um guarda-sol protege da radiação direta, mas não da refletida. Nas horas de maior intensidade, protege apenas em 50%», refere António Santos, dermatologista da Epidermis – Instituto CUF Porto, e membro da APCC.

Mesmo imersos na água não estamos a salvo. «A água reflete mais de 50% dos raios ultravioleta, que penetram até cerca de meio metro de profundidade. O vidro comum também é facilmente atravessado pelos UVA, embora bloqueie os UVB».

Normalmente alia-se o Sol ao Verão e esquecemo-nos dos desportos de Inverno. No entanto, «a neve pode refletir até 85% da radiação ultravioleta».

Pensamos também, erroneamente, que no Norte do país podemos estar mais à vontade porque o clima é mais frio mas «se é certo que o vento e as nuvens arrefecem a pele, 80%  dos raios ultravioleta continuam lá».

Os danos celulares são cumulativos, daí que as campanhas de prevenção da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) incidam cada vez mais na infância, adolescência, profissões com exposição crónica ao sol, ou no âmbito de atividades recreativas. «Temos estimulado a atividade física e a prática de modalidades desportivas, e muito bem, mas em relação aos horários das mesmas pode não haver tanta sensibilidade para a questão da exposição solar prolongada e regular. O vestuário protege, mas o protetor solar, com o suor e o aquecimento da pele, permanece durante pouco tempo. Se, dantes, pensávamos muito nos pescadores e no agricultores, agora pensamos nos nadadores-salvadores, pilotos de avião, atletas, praticantes de golfe, etc.».

Esta questão vai ser cada vez mais premente em situações de extremos climáticos, avisa o especialista. «Poderão acontecer em diferentes épocas do ano e não apenas no Verão, encontrando as pessoas pouco preparadas, sem o “arsenal” de que normalmente dispõem no Verão. Muitas das queimaduras solares a que estamos a assistir ocorrem nas férias da Páscoa ou em fins de semana prolongados com ondas de calor. As pessoas aproveitam para sair de casa e passear, sem se lembrarem de levar protetor solar, chapéu ou roupa apropriada. Mas o facto de ser abril não significa que os raios ultravioletas sejam menos perigosos do que em agosto. Nesse aspeto, a variabilidade climática será um fator a ter em atenção».

As viagens fora de estação, em que a pessoa sai de Portugal no Inverno e «aterra no Verão» noutra latitude, também «facilitam a queimadura porque a pessoa não tem noção do grau de exposição a que está sujeita nessa latitude e, de certa forma, a sua cabeça ainda “está no Inverno”».

Por outro lado, a excessiva exposição ao sol promove o envelhecimento precoce da pele e o aparecimento de manchas. «No melasma, fotoenvelhecimento e hiperpigmentações, as luzes artificiais provenientes dos ecrãs, dos computadores, etc., também desempenham um papel importante». De tal modo que o especialista diz que, «cada vez mais, o protetor solar se torna uma arma do dia-a-dia». Neste contexto, e sendo «prático» porque «não vale a pena criar um esquema que seja inviável para a maior parte das pessoas», António Santos recomenda «colocar o protetor solar de manhã e retocar na hora do almoço».

«Bronzeado saudável» é uma agressão que se vai acumulando

Como vem sendo habitual, este ano a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo, em colaboração da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV) e o apoio da Direcção-Geral da Saúde (DGS), celebrou o Dia do Euromelanoma. Esta iniciativa europeia visa alertar a população para os fatores de risco para cancros cutâneos, promover medidas de prevenção e rastreios dermatológicos.

De acordo com a APCC, os cancros da pele são os mais comuns no ser humano e a incidência tem vindo a aumentar nas últimas décadas, destacando-se o melanoma maligno por ser o tipo mais agressivo e responsável pela maioria das mortes.

Em Portugal, a incidência estimada é de 6 a 8 casos por 100 mil habitantes. «Temos doentes mais velhos porque, com o aumento da idade, a imunossupressão facilita o aparecimento do cancro cutâneo, mas também temos as gerações que nasceram nos anos 60 e 70, cuja atividade principal recreativa era a praia, no Verão. Nessa altura existiam bronzeadores e hidratantes, mas os fotoprotetores só apareceram muito mais tarde e o próprio conceito de fotoproteção ainda era uma miragem. Mesmo hoje, continuamos a lutar contra a ideia do “bronzeado saudável” que, na realidade, é uma agressão que se vai acumulando ao longo da vida».

«O melanoma é o cancro cutâneo menos frequente mas o mais mortal». Mas, de acordo com o especialista, «se for detetado precocemente, o tratamento cirúrgico é curativo e, felizmente, também existem novos medicamentos que prolongam a sobrevida mesmo nos melanomas mais avançados».

Atenção ao “sinal do patinho feio”

A regra do ABCDE pode ajudar as pessoas a detetar o melanoma mais cedo. Corresponde a cinco questões: «a mancha é Assimétrica? tem Bordos irregulares? apresenta várias Cores? tem mais de 5 mm de Diâmetro? tem ocorrido uma Evolução ou alteração no seu crescimento?».

Por sua vez, o “sinal do patinho feio” consiste na ideia de que cada pessoa tem um padrão de nevos e que a lesão que destoar desse padrão (considerada um “patinho feio”), deve ser considerada suspeita e avaliada por um dermatologista. «O que nos preocupa não é que a pessoa tenha 20 sinais iguais; é ter 19 iguais e um diferente», explica o especialista. «Normalmente, é o mais escuro, tem um bordo irregular, aumentou de tamanho e é radicalmente diferente dos sinais que a pessoa está habituada a ver».

Antigamente, «sugeríamos muito a técnica do espelho de mão para as pessoas observarem as “áreas cegas” do corpo, mas com os telemóveis basta pedir a um familiar para tirar umas fotos da zona das costas, dos flancos, da face posterior dos braços, principalmente para quando a pessoa nota um sinal que não recorda e acha que é diferente, poder visualizar as imagens anteriores. E se tudo estiver igual, ficar sossegado».

Em contexto da Farmácia, o especialista assinala que é importante valorizar o «feeling» das pessoas porque, se é certo que há indivíduos que têm muitos sinais, alguns deles graves e nem sequer se apercebem, outros notam que um sinal é diferente e têm o «feeling» correto. Portanto, «é sempre importante valorizar as impressões do doente, aproveitar para veicular estas “dicas” do sinal do “patinho feio” e da regra ABCDE. Por vezes, as pessoas não encontram esses sinais em si próprias mas identificam-nos em familiares e amigos. Na farmácia, é mais uma oportunidade para esclarecer a população, através de pequenas “dicas” que são facilmente memorizáveis e que podem salvar alguém».

O especialista alerta também para alguns viés de informação, nomeadamente sobre a relação entre exposição solar e produção de vitamina D. «Em primeiro lugar, a face não é um painel fotovoltaico para a produção de vitamina D e, por outro lado, em duas semanas não produzimos vitamina D para as outras 50. Prefiro que a pessoa faça um passeio de 30 minutos todos os dias do ano do que ficar a “torrar” ao Sol 15 dias por ano. Até porque, a partir do momento em que a pele bronzeia, deixa de produzir vitamina D. E, a partir de certa idade, acontece o mesmo. Por isso a suplementação é tão importante nos mais velhos. As pessoas têm de saber distinguir os factos dos mitos para estarem informadas e tomarem as suas decisões».

Aproveitar o ar livre e estar atento aos mosquitos

De acordo com o Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infeciosas (CEVDI), «os mosquitos podem encontrar-se praticamente em qualquer altura do ano e em qualquer lugar, em maior ou menor abundância, sendo os principais fatores de ocorrência:

– Presença de água parada em contentores, sistemas aquáticos naturais ou artificiais;

– Presença de animais ou populações humanas;

– Precipitação e temperatura favoráveis, uma vez que proporcionam criadouros (reservatórios com água) disponíveis às fases imaturas e um ciclo de vida mais rápido, contribuindo para um aumento da abundância e diversidade de espécies.

Nos climas temperados, o período de atividade crítico é geralmente de maio a outubro, mas pode haver exceções. Quando a temperatura começa a baixar os mosquitos procuram lugares mais quentes e abrigados para hibernarem durante o período de inverno. Neste período é usual encontrarmo-los dentro de habitações, garagens e abrigos animais».

Ainda segundo as orientações do CEVDI, «a primeira abordagem em qualquer programa de controlo de mosquitos baseia-se na eliminação/ redução de criadouros e é acessível e deve ser praticada pela comunidade. O controlo dos mosquitos depende de todos». Para evitar a acumulação de água em objetos que possam estar em quintais ou ao ar livre devem ser adotadas as seguintes recomendações:

– Colocar no lixo os objetos que sejam para descartar, assegurando que o contentor de lixo é tapado;

– Pneus fora de uso devem ser entregues numa estação de reciclagem ou resíduos sólidos ou mantidos secos em lugar coberto;

– Pratos com vasos de plantas devem ser eliminados ou virados ao contrário;

–  Poços, tanques e outros depósitos de água doméstica devem ser tapados, impedindo a entrada de mosquitos;

– Piscinas devem ser tratadas e limpas, tapadas ou esvaziadas se não estiverem em uso;

– Caleiras e calhas devem ser mantidas limpas;

– Em tanques ou lagos decorativos a criação de peixes deve ser considerada, pois estes alimentam-se das larvas de mosquito;

– Bebedouros de animais e taças de alimentação devem ser lavadas e esfregadas uma vez por semana.

Fonte: Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infeciosas (CEVDI).

Nutrição e forma física: «É no Inverno que se trabalha para o Verão»

«Ainda é comum em muitas pessoas o desejo de emagrecer antes das férias de Verão ou mesmo antes dos dias mais quentes, em que se usa menos roupa e consequentemente se mostra mais o corpo. No entanto, atualmente, nas minhas consultas, noto que mesmo nos dias de descanso, os chamados “excessos alimentares” têm vindo a diminuir, devido a um maior conhecimento de que uma boa alimentação está diretamente relacionada com a prevenção de doenças», diz Ana Sofia Canelas, nutricionista das Farmácias Holon.

O equilíbrio «deverá ser encontrado com uma educação alimentar antes das férias. Diz-se muitas vezes que “no Inverno é que se trabalha para o Verão”, seja a criar hábitos alimentares saudáveis ou a melhorar a composição corporal».

Para alcançar os objetivos, «não nos devemos privar por completo de comer certos alimentos, nem os devemos comer descontroladamente e todos os dias. É tudo uma questão de equilíbrio, gestão de quantidades e frequência com se que consomem os alimentos».

De acordo com a nutricionista, «a fruta e os produtos hortícolas contêm um excelente aporte de nutrientes reguladores, tais como vitaminas, minerais, fibras alimentares e muita água, daí serem ótimos aliados para uma boa hidratação. Os frutos oleaginosos, como nozes e amêndoas contêm vitaminas, minerais e gordura saudável, mono e polinsaturada, que entre muitas funções, também contribuem para regular o apetite promovendo a saciedade».

No Verão, «os dias mais quentes requerem alguma atenção no que toca à hidratação, principalmente nos grupos de maior risco, idosos e crianças. No entanto, a população no geral deverá estar mais atenta e incluir, para além de uma adequada ingestão de água ao longo do dia, alimentos que na sua composição contenham uma boa percentagem de água. São exemplo disso, frutas como melancia, meloa, melão, toranja e morango e produtos hortícolas como o rabanete, pepino, alface, tomate, chuchu e pimento. Estes alimentos podem e devem ser incluídos em todas as refeições do dia, seja na forma fresca nos lanches, como acompanhamento no almoço e jantar, como sobremesa ou em forma de néctar ou batido».

Nas férias, «se a viagem for para países onde a condições sanitárias não são as ideais, as recomendações passam por evitar comida de rua, muito condimentada, gordurosa ou picante, excluir alimentos crus, como saladas e vegetais não cozinhados na totalidade ou pescado/carne crus ou mal passados e marisco, preferir a fruta sempre descascada, não ingerir bebidas com gelo feito de água local, utilizar sempre água engarrafada ou fervida para consumir e até mesmo para fazer a higiene da cara e dentes».

Para além disso, «manter uma alimentação saudável, completa e o mais próximo possível da rotina horária do dia a dia normal, apesar da gastronomia diferente, é importante para o bom funcionamento do sistema digestivo».

TEXTO ORIGINALMENTE PUBLICADO NA FARMÁCIA DISTRIBUIÇÃO #366.