Apenas 12 novos medicamentos antimicrobianos entraram no mercado entre os anos 2017 e 2021 e não existe a expectativa de que a tendência se altere num futuro próximo, concluiu a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Neste momento, são 27 os medicamentos que se encontram em desenvolvimento e que visam micróbios patogénicos “críticos”. No entanto, apenas seis são suficientemente inovadores para superar a resistência a antibióticos e somente dois visam formas críticas altamente resistentes a medicamentos.
Destes, apenas um antibiótico (solitromicina) passou pelos testes clínicos e aguarda autorização para ser comercializado para o tratamento da pneumonia. Outros sete estão ainda na terceira fase de testes.
Valeria Gigante, líder de equipa na divisão de resistência microbiana da OMS, explicou, no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas, que “há uma grande lacuna em relação aos produtos que abordam patógenos multirresistentes, como Acinetobacter baumannii e Pseudomonas aeruginosa. São esperados poucos novos antibióticos inovadores nos próximos anos”, referiu, citada pelo The Pharmaceutical Journal.
Por sua vez, Neil Powell, farmacêutico consultor no Royal Cornwall Hospital, referiu que a situação com os antimicrobióticos melhorou ligeiramente na última década. Apesar de ver como “encorajador” o maior número de opções, admite que “não vemos tantos quanto gostaríamos de ver para nos sentirmos confortáveis”.
Já Parastou Donyai, cientista-chefe da Royal Pharmaceutical Society, apontou como “desanimador ler sobre a falta de progresso para explorar e criar novos antimicrobianos para o futuro”. Para o responsável, “é ainda mais assustador perceber o que podemos ter alcançado, ou estar perto de alcançar, um futuro imaginário em que os antimicrobianos não funcionam mais“, cita o The Pharmaceutical Journal.