OMS inicia pré-qualificação de genéricos para tratamentos de cancro
04 de maio de 2017 A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou ontem que vai começar um projeto-piloto para pré-qualificar medicamentos biossimilares contra o cancro, genéricos equivalentes aos medicamentos biológicos originais. O objetivo é alargar o acesso a alguns dos tratamentos mais caros contra o cancro nos países em desenvolvimento. Se no processo a OMS determinar que os biossimilares podem ser comparados aos produtos originais em termos de qualidade, segurança e eficácia, estes vão ser colocados numa lista que inclui todos os medicamentos que podem ser comprados pelas agências das Nações Unidas e por organizações especializadas e humanitárias. Essa lista é uma referência de grande importância para muitos países em desenvolvimento na hora de decidir a aquisição de medicamentos por parte das suas entidades públicas. Em setembro, a OMS vai convidar empresas de biotecnologia para apresentar soluções de pré-qualificação para versões biossimilares de dois produtos. Um dos produtos é utilizado no tratamento de tipos de linfoma (cancro do sistema imunitário) e leucemia (cancro do sangue que se inicia na medula óssea), o segundo é usado em casos de cancro da mama. A OMS também procura opções para pré-qualificar a insulina. O interesse dos biossimilares é que, tal como os medicamentos genéricos, podem ser versões mais baratas dos medicamentos biológicos e serem produzidos por diferentes empresas quando a patente do produto original expirar. «Os produtos biológicos inovadores são, muitas vezes, demasiado caros para muitos países, de modo que os biossimilares são uma boa oportunidade para expandir o acesso», disse em comunicado a OMS. A OMS acredita que a pré-qualificação dos biossimilares pode ser um incentivo para a competição entre as empresas, o que pode provocar uma diminuição do preço dos seus medicamentos. «Os biossimilares podem ser uma mudança decisiva no acesso a medicamentos para certas condições complexas», disse a diretora dos Medicamentos Essenciais e Produtos Sanitários da OMS, Suzanne Hill. No entanto, o uso destes medicamentos está fora do hábito dos médicos e pacientes, por isso, uma tarefa adicional que a OMS prevê fazer é facilitar a compreensão das vantagens que oferecem os biossimilares e construir a confiança neles, no caso de terem recebido pré-qualificação. «Os benefícios deste tipo de medicamentos superam totalmente qualquer risco», disse a organização. A regulamentação adequada dos biossimilares é fundamental porque o produto pode mudar durante o processo de produção, o que explica que um produto da mesma categoria não é exatamente igual a outro. «Por isso, é mais difícil de comparar o biossimilar com o seu original», disse a organização, citada pela “Lusa”. |