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OMS pede a países europeus que invistam na saúde eletrónica

11 de Março de 2016

A Organização Mundial de Saúde (OMS) apelou ontem aos Estados-membros da Europa que invistam na saúde eletrónica, que afirmou ter potencial para salvar vidas e poupar dinheiro.

Num relatório ontem publicado sobre a saúde eletrónica (e-saúde), ou seja, qualquer atividade em que um meio eletrónico seja usado para fornecer informação, recursos ou serviços relacionados com a saúde, a OMS conclui que a e-saúde é já uma realidade na maioria dos Estados-membros da Europa.

«Em muitos países, a e-saúde está a revolucionar os serviços de saúde e a informação necessária para apoiá-los. Os pacientes têm mais poder porque têm acesso a informação e aconselhamento. Isto está a aumentar a qualidade da saúde e a desafiar os papéis tradicionais dos profissionais de saúde», disse Zsuzsanna Jakab, diretora regional da OMS para a Europa, citada pela “Lusa”.

A e-saúde, acrescentou a responsável, «poupa vidas e dinheiro, mas apesar de muitos exemplos inspiradores, este relatório mostra que a e-saúde não está a ser adotada homogeneamente na Região. É preciso mais investimento na e-saúde para se alcançar os objetivos da agenda Saúde 2020».

Dos 47 Estados-membros da região europeia da OMS que responderam ao inquérito, 93% (42 países) disponibilizaram financiamento público para programas de e-saúde, 81% (35 países) relatam que as suas organizações de saúde usam redes sociais para promover mensagens em campanhas de saúde e 91% (40 países) dizem que os cidadãos usam as redes sociais para procurar informação sobre saúde.

No entanto, 81% dos Estados-membros dizem não ter qualquer política nacional para governar os media sociais na saúde, o que torna o setor informal e não regulado.

Também a saúde móvel – o uso de tecnologias móveis para apoiar a informação e a prática de saúde – tem vindo a crescer: 22 países têm programas de m-saúde apoiados pelo governo; a utilização das aplicações para aceder a registos dos doentes aumentou 25% desde 2009 e o uso dos telemóveis para relembrar os utentes das suas consultas aumentou 21% no mesmo período.

No entanto, a crescente utilização não tem sido acompanhada de regulação, já que 73% dos países inquiridos (33 Estados-membros) não têm uma entidade responsável pela supervisão da qualidade, segurança e fiabilidade das aplicações móveis e apenas três países fizeram uma avaliação dos programas apoiados pelo Governo.

Na tele-saúde, 83% dos países usam a tele-radiologia e 72% usam a monitorização remota dos pacientes, mas apenas 27% (12 países) têm uma política ou uma estratégia dedicada à tele-saúde.

O relatório recomenda por isso um maior compromisso político na saúde eletrónica, a criação de estratégias dedicadas ao setor, uma orientação para a tele-saúde e mais regulação na saúde móvel.

Defende ainda uma aposta na literacia digital e de saúde dos profissionais de saúde e do público em geral, «para garantir que os serviços de e-saúde são adotados com sucesso e que as desigualdades são reduzidas com a digitalização dos serviços».