A Organização Mundial da Saúde pediu, esta quinta-feira, aos países com elevadas taxas de vacinação contra a covid-19 para não avançarem com uma terceira dose até ao final do ano, dada a pretensão de reduzir a desigualdade mundial na distribuição de vacinas.
“Hoje, apelo a uma extensão da moratória pelo menos até final do ano para permitir que cada país possa vacinar pelo menos 40% da sua população”, afirmou o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, citado pela Lusa.
Na conferência de imprensa, realizada a partir de Genebra, o líder da OMS admitiu que a terceira dose é necessária para os grupos de maior risco, como os imunossuprimidos ou doentes que não estão a produzir anticorpos na quantidade necessária.
Tedros Ghebreyesus não quer “desperdícios de vacinas de reforço” para a população saudável e totalmente imunizada. Nesse sentido, alerta para o facto dos países desenvolvidos, com um elevado rendimento, terem adquirido mais 80% do total de vacinas disponíveis em todo o mundo.
Os principais objetivos da OMS passam por vacinar, pelo menos, 10% da população mundial até ao final deste mês, 40% até ao fim do ano e 70% até meados do próximo ano.
O líder da OMS lamentou, por isso, que nenhum dos países menos desenvolvidas tenha conseguido alcançar os 10% da população vacinada.
De acordo com o diretor-geral da organização mundial que tutela a saúde, a baixa taxa de vacinação deve-se, em parte, ao facto de os fabricantes de vacinas “estarem legalmente obrigados a cumprir os acordos bilaterais com os países ricos”.
Desta forma, os países com menos recursos ficam privados de adquirir uma maior quantidade de vacinas.
“Tem havido muita conversa sobre a equidade das vacinas, mas muita pouca ação. Os países ricos prometeram doar mais de mil milhões de doses, mas menos de 15% destas doses foram materializadas. Não queremos mais promessas. Nós só queremos as vacinas”, finalizou Tedros Ghebreyesus.