OMS: Sistemas de saúde fortes podem enfrentar surtos como o Ébola 717

OMS: Sistemas de saúde fortes podem enfrentar surtos como o Ébola

25 de Março de 2015

A solução para acabar com surtos de Ébola da amplitude do atual passa sobretudo pelo reforço dos sistemas de saúde, considera a Organização Mundial de Saúde (OMS), que há um ano anunciou oficialmente esta epidemia da febre hemorrágica.

De acordo com o último balanço da OMS, divulgado na segunda-feira, a «maior e mais longa» epidemia de Ébola já matou 10.299 pessoas num total de 24.842 casos registados, essencialmente em três países da África Ocidental: Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa.

Marie-Paule Kieny, diretora-geral adjunta da OMS para os Sistemas de Saúde e Inovação, defende num texto publicado no site da organização que a resposta a surtos deste tipo está na criação de sistemas de saúde integrados e flexíveis «que possam reagir e de modo proativo a qualquer ameaça futura», citou a “Lusa”.

A agência das Nações Unidas tem feito avaliações sobre o que se passou em 2014 e uma das principais «lições» que retirou foi a de que «países com sistemas de saúde fracos e poucas infraestruturas básicas de saúde pública não podem defender-se» face a uma situação como esta.

«A evolução da crise sublinhou uma questão defendida frequentemente pela OMS: sistemas de saúde justos e inclusivos são a base da estabilidade social, resiliência e saúde económica», indica um texto sobre “Resposta ao Ébola” divulgado na página da organização na Internet.

Segundo o mesmo texto, confirmou-se que a preparação para fazer face à doença, «incluindo um alto nível de vigilância de casos importados e a prontidão para tratar o primeiro caso confirmado como uma emergência nacional fez toda a diferença».

Países onde houve uma boa vigilância, que tiveram apoio de laboratório e que agiram sem demora, como a Nigéria, o Senegal e o Mali, «foram capazes de derrotar o vírus antes de ele se instalar», adianta a OMS.

Em relação às medidas de controlo da propagação da doença, a OMS assinala que nenhuma medida, por si só, é suficiente, «todas as medidas de controlo devem trabalhar em conjunto e em uníssono».

São necessárias a deteção e o diagnóstico rápidos, os locais para isolar os infetados, um bom tratamento, o rastreio dos contactos que o doente teve, porque «a fraqueza de uma das medidas prejudica as outras».

O que a experiência mostrou foi que subjacente ao sucesso de todas as medidas de controlo está o «envolvimento da comunidade». «É o eixo de um controlo bem-sucedido», refere a OMS no mesmo texto.

O surto iniciou-se na Guiné-Conacri no final de dezembro de 2013, mas o vírus na sua origem só é identificado a 22 de março, quando já regista 59 mortes. A 08 de agosto a OMS declara-o «emergência de saúde pública mundial».

O modo como a agência das Nações Unidas especializada em saúde pública internacional reagiu ao surto da febre hemorrágica conhecida desde 1976 tem sido criticada.

A OMS afirma que se mobilizou «desde o início e a todos os níveis», mas reconhece que a sua resposta à epidemia foi lenta e insuficiente.

Um comité independente encarregado de analisar a resposta da OMS deve apresentar as suas primeiras conclusões na próxima assembleia geral da organização em maio.