OMS: Taxa de suicídio em Portugal cai 7% de 2000 a 2012 629

OMS: Taxa de suicídio em Portugal cai 7% de 2000 a 2012

04 de setembro de 2014

A taxa de suicídio em Portugal baixou 7% entre 2000 e 2012, encontrando-se atualmente dentro da média europeia, segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) hoje divulgado.

Os dados de 2012 mostram que a taxa de suicídio foi de 8,2 por cada 100 mil habitantes em Portugal, quando em 2000 se situava nos 8,8. De acordo com o documento da OMS, a taxa de suicídio em todo o mundo foi de 11,4 por 100 mil habitantes.

O psiquiatra Ricardo Gusmão, que foi revisor deste relatório, reconhece que há «uma tendência para a redução dos suicídios na última década em Portugal».

Contudo, alerta que os suicídios não têm descido ao mesmo ritmo de outras mortes que também se podem prevenir, como os acidentes de viação.

Apesar da crise, entre 2008 e 2012 não se observou uma alteração significativa nas mortes por suicídio em Portugal, o mesmo acontecendo em Espanha.

Aliás, em Portugal, a morte por suicídio em pessoas em idade ativa, até aos 64 anos, não cresceu nem acompanhou o ritmo da subida do desemprego, lembra Ricardo Gusmão.

O investigador do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto admite que a crise não teve o impacto esperado no aumento do suicídio nos anos subsequentes, colocando a hipótese de em Portugal e Espanha haver um suporte social informal que «protege» as pessoas dos efeitos da crise.

«Nos últimos cinco anos parece-me que há uma tendência de estabilidade e não há um aumento dos suicídios devido à crise, o que é muito bom», referiu em declarações à agência “Lusa”.

«Aparentemente, nós sofremos mais risco do que muitos outros países da Europa. Não houve redução, mas houve manutenção [da taxa de suicídios] nos últimos cinco anos. Quer dizer que haverá determinantes sociais e até psicológicos que fazem com que perante a adversidade social e partilhada haja uma resiliência para a superar», acrescentou.

No relatório da OMS, que analisou o intervalo entre 2000 e 2012, a redução da taxa de suicídios em Portugal deve-se sobretudo a um decréscimo da taxa nos homens, que apresentam sempre um número de suicídios mais elevado do que as mulheres.

Já nas mulheres, a taxa de suicídio sofreu um ligeiro aumento, passando de 3,4 por 100 mil no ano 2000 para 3,5 em 2012.

Segundo a OMS, uma pessoa suicida-se a cada 40 segundos em todo o mundo, sendo esta a segunda causa de morte mais frequente entre os jovens dos 15 aos 29 anos.

A organização sublinha que o suicídio é uma tragédia que pode ser prevenida e evitada, mas acaba por ser uma realidade negligenciada devido ao estigma que lhe está associado.

Há um suicídio no mundo a cada 40 segundos

Uma pessoa suicida-se a cada 40 segundos em todo o mundo, sendo esta a segunda causa de morte mais frequente entre os jovens dos 15 aos 29 anos, segundo o mesmo relatório.

A OMS sublinha que o suicídio é uma tragédia que pode ser prevenida e evitada, mas acaba por ser uma realidade negligenciada devido ao estigma que lhe está associado.

Segundo o documento, mais de 800 mil pessoas cometem suicídio anualmente e as tentativas serão ainda 20 vezes superiores àquele número, de acordo com estatísticas recolhidas até 2012.

O relatório, que compila mais de 10 anos de dados sobre suicídio nos vários países do mundo, alerta que este é um problema de saúde pública «que é preciso atacar imperativamente, sem demora».

A OMS lamenta que o suicídio surja «muito raramente nas prioridades em matéria de saúde pública», devido sobretudo ao «tabu e à estigmatização».

Segundo o documento, em 2012 a taxa de suicídio no mundo foi de 11,4 por 100 mil habitantes, sendo duas vezes mais frequente nos homens.

O suicídio representa 50% das mortes violentas entre os homens e 71% entre as mulheres.

Em praticamente todas as regiões do mundo, as taxas de suicídio mais elevadas registam-se em pessoas com mais de 70 anos. Contudo, é também a segunda causa de morte nos jovens entre os 15 e os 29 anos.

Entre as formas mais comuns de suicídio estão o envenenamento com pesticidas, o enforcamento ou o salto de edifícios.

Aliás, a OMS considera que restringir o acesso aos meios de suicídio é um elemento-chave na prevenção do problema, dando como exemplos a limitação ao acesso a armas de fogo ou a pesticidas.

Os fatores de risco para o suicídio variam, mas as doenças mentais, como a depressão e a dependência do álcool, estão presentes na esmagadora maioria das pessoas que cometem suicídio, sobretudo nos países desenvolvidos.