OMS: Um em cada 10 medicamentos nos países em desenvolvimento são falsos
29 de Janeiro de 2014 Cerca de um em cada 10 medicamentos nos países em desenvolvimento são contrafeitos ou não cumprem os requisitos mínimos, afirmou ontem o Sistema Mundial de Vigilância e Monitorização de produtos médicos de qualidade inferior e falsificados (GSMS), da OMS. De acordo com o sistema criado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), estes medicamentos são usados para tratar doenças como a malária e pneumonia, e, provavelmente, responsáveis pela morte de dezenas de milhares de crianças. Esta é a primeira tentativa por parte da agência de saúde da ONU de abordar o problema, com cerca de 100 estudos realizados por especialistas, envolvendo cerca de 48 mil produtos médicos, sendo que 65% dos considerados falsificados eram usados para tratar malária. «Imagine uma mãe que não come, ou dispensa outras necessidades básicas, para pagar o tratamento do seu filho, sem saber que esses medicamentos não cumprem os requisitos mínimos ou são falsificados, e que esse mesmo tratamento causa a morte do seu filho. Isto é inaceitável», apontou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Segundo o responsável pela agência, este problema afeta os países mais pobres, nos quais entre 72.000 e 169.000 crianças podem estar a morrer de pneumonia todos os anos, depois de receberem fármacos falsos. Também os cientistas da Universidade de Edimburgo, e da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres afirmaram que esta contrafação de remédios pode ser responsável por mais de 116.00 mortes de malária, principalmente em países da África subsariana. Em 2013, a OMS lançou um sistema global de monitorização voluntária, tendo recebido cerca de 1.500 queixas de medicamentos problemáticos, que incluíam fármacos para doenças do coração, diabetes, problemas de fertilidade, doenças mentais e cancro, tal como vacinas falsas contra a febre-amarela e a meningite. A instituição considerou ainda que essa base de dados foi responsável por salvar a vida de dezenas de crianças no Paraguai, depois de uma análise ter mostrado que tinham sido contaminas por um medicamento para a tosse, que continha a mesma droga que tinha causado a morte de 60 adultos no Paquistão, meses antes, em 2013. |