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ONU: 5.500 milhões de pessoas não têm analgésicos para dores intensas

03 de Março de 2015

A ONU alertou hoje que cerca de 5.500 milhões de pessoas tem acesso limitado ou nenhum acesso a analgésicos opiáceos como a morfina ou a codeína, usados para aliviar dores intensas em doenças como o cancro.

O relatório de 2014 da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE), hoje difundido em Viena, indica que «três quartos da população mundial tem escasso ou nenhum acesso a tratamentos paliativos da dor» para doenças graves, terminais ou crónicas.

Isso significa que 92 por cento da morfina é consumida por 17% da população mundial, concentrada nos Estados Unidos, Canadá, Europa Ocidental e Austrália.

«Este problema foi agravado, no período examinado, pela ocorrência de desastres naturais e conflitos armados, que aumentaram a necessidade de substâncias fiscalizadas para tratar feridos e doentes», acrescenta no documento o presidente da JIFE, o sul-africano Lochan Naidoo.

O uso reduzido destes analgésicos opiáceos em muitos países deve-se a uma regulamentação inadequada, falta de preparação do pessoal de saúde, preconceitos culturais, fatores económicos e falta de acesso a estes medicamentos, indica o JIFE, citado pela “Lusa”.

Sobre a situação das drogas no mundo, o JIPE pediu aos Estados que lutem contra os «aspetos socioeconómicos» que fomentam o consumo e o tráfico de drogas, como a pobreza, a desigualdade económica, a exclusão social, a falta de perspetivas de emprego e a exposição à violência.

Na América do Sul, a oferta de cocaína continua a diminuir, acompanhando uma tendência de redução da superfície cultivada de folha de coca.

Em 2013, o cultivo de folha de coca desceu no Peru e na Bolívia, enquanto na Colômbia não se registaram alterações.

Apesar da diminuição do consumo de drogas registada nos últimos anos, a América do Norte tem a maior taxa de mortalidade no mundo de 142,1 mortos por um milhão de adultos com idades entre os 15 e os 64 anos.

«Nos Estados Unidos, as mortes por overdose, relacionadas sobretudo com opiáceos vendidos com receita médica, ultrapassam atualmente as mortes por homicídio e acidentes de tráfego», sublinha o relatório da JIFE.

Na Europa, a junta destaca como um perigo para a saúde pública a proliferação das «novas substâncias psicoativas», algumas das quais vendidas legalmente por os componentes químicos não estarem proibidos.

A JIFE é o organismo da ONU que fiscaliza o cumprimento dos tratados internacionais sobre drogas, que proíbem alguns narcóticos, como pretendem garantir o acesso para fins medicinais a substâncias sob controlo, como a morfina.