Números apresentados pela ARS Norte são “alarmantes”
A Associação de Profissionais Licenciados em Optometria (APLO), que representa mais de 1.230 optometristas, está indignada com os números que foram revelados pela Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte) , na monitorização do rastreio de saúde visual infantil. Os dados revelam a existência de um número insignificante de crianças atendidas em consulta hospitalar da especialidade de oftalmologia relativamente ao número total de crianças referenciadas ao nível do rastreio, realçando as dificuldades do SNS em resolver condições de saúde visual O rastreio de saúde visual infantil constitui assim, à luz dos dados revelados pela própria ARS Norte, mais um estrangulamento de acesso a cuidados para a saúde da visão , contribuindo para o aumento das já extensas e crónicas listas de espera da especialidade de oftalmologia, assim como para a criação de alarmismo junto dos pais e crianças referenciadas que se vêem impossibilitadas de aceder aos cuidados atempadamente.
A APLO esclarece que “Não existe nenhuma razão para que as listas de espera, para consulta hospitalar da especialidade de oftalmologia, sejam enormes e crescentes e que cada vez mais crianças sofram de deficiência visual moderada ou grave, por não terem óculos prescritos. Os números são alarmantes sendo que apenas 189 crianças têm essa prescrição, num total de 4435 referenciadas. E apesar destes dados apresentados pela ARS Norte, atualizados a 17 de fevereiro, o Ministério da Saúde continua a não concretizar alterações no que toca à legislação dos cuidados primários para a saúde da visão no Serviço Nacional de Saúde”, explica Raúl de Sousa, presidente da APLO.
“Porque não se seguem as recomendações da Organização Mundial de Saúde, e se coloca a Optometria e os Optometristas como prestadores de cuidados primários para a saúde da visão, potenciando a prestação de cuidados para a saúde da visão no contexto de equipa multidisciplinar das várias profissões da área, dado que está demonstrado que é uma das soluções óbvias para melhorar a vida dos doentes oculares?” Pergunta.
E acrescenta ainda que “Nunca é demais reforçar que a Direção-Geral do Ensino Superior classifica Os Optometristas e os seus planos de estudos universitários de Optometria como profissionais de saúde, e que os mesmos estão acreditados pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior. A sua formação é feita na mesma Faculdade de Ciências de Saúde da Universidade da Beira Interior e com a cooperação da Escola de Medicina da Universidade do Minho, que formam médicos deste país. A APLO é constituída exclusivamente por licenciados de Optometria, sendo que mais de 80% possuem doutoramento, mestrado (5 anos) ou licenciatura (4 anos e meio) com estágio profissional incluído, como mínimo, à semelhança de esmagadora maioria dos países europeus e mais avançados no mundo e por essa razão, é injustificável que a profissão continue a ser rebaixada e desvalorizada. Ao fazê-lo, o principal prejudicado é o doente.”