Ordem dos Médicos afirma que Portugal está «razoavelmente melhor preparado» contra o Ébola 24 de outubro de 2014 São os dois pareceres técnicos que faltavam à Ordem dos Médicos para poder avaliar a resposta portuguesa contra o vírus de Ébola. «O sistema de saúde português está agora um pouco mais razoavelmente preparado para fazer face à ameaça do Ebola. O risco de casos é alto, como a própria Direção-Geral da Saúde anunciou, mas o risco de epidemia é baixo, dois conceitos completamente distintos e suplementares e que não devem ser confundidos», afirma o bastonário José Manuel Silva, numa nota enviada aos jornalistas e citada pelo “Expresso”. O plano está, para já, bem desenhado. No entanto continua a ter falhas: no treino. «Quem está no terreno, como a Ordem dos Médicos, percebe o quanto ainda está por fazer, tanto a nível hospitalar como nos cuidados de saúde primários», acrescenta. José Manuel Silva recorre a algumas das conclusões dos especialistas em Medicina Tropical que assinam o documento, Jaime Nina e Abílio Antunes, para exemplificar o que quer dizer quando fala em falhas. «Se no papel Portugal está preparado, a realidade do terreno nem sempre mostra o mesmo. Falta ainda algum equipamento de segurança, particularmente importante nos Serviços de Urgência de Lisboa e Porto. E falta treino, treino e mais treino», criticam os médicos. E acrescentam: «O problema maior é se a entrada for de um infetado em período de incubação, que só adoeça e procure ajude médica alguns dias depois, inclusive podendo dirigir-se a um qualquer serviço de saúde, público ou privado, preparado ou não para receber casos de Ébola, em qualquer ponto do país». Para já, o risco está na importação de casos e não na propagação do vírus já em Portugal. «O risco de disseminação epidémica no nosso país parece-nos muito baixo, tendo em conta os modos conhecidos de transmissão da doença, o facto de se transmitir apenas após o início dos sintomas e de dispormos de infraestruturas de saúde que podem garantir o isolamento dos doentes», justifica Fernando Maltez, presidente do Colégio de Doenças Infecciosas. Ainda assim, reconhece que a realidade pode mudar a qualquer momento. Estes dois pareceres surgem dias depois de o Colégio de Saúde Pública ter afirmado que o país não está preparado para conter o ébola e que o risco é muito elevado, ao invés do que tem sido o discurso das entidades responsáveis. Esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, o Governo criou uma comissão interministerial para coordenar a resposta. É presidida pelo ministro da Saúde, Paulo Macedo, e só vai reunir em caso de necessidade. |