Ordem dos Médicos expulsará médicos que se dediquem ao comércio ilegal 20-Fev-2014 O bastonário da Ordem dos Médicos garantiu ontem em Faro (Algarve) que os médicos que confundam o exercício hipocrático da Medicina com comércio ilegal serão expulsos da Ordem dos Médicos (OM). «Queremos definitivamente separar o trigo do joio e, como eu tenho dito e mantenho, e a Ordem assim atuará, médicos que confundam o exercício hipocrático da Medicina com comércio ilegal serão expulsos da Ordem dos Médicos», declarou José Manuel Silva, à margem de uma visita de dois dias que iniciou hoje ao Algarve. Questionado pelos jornalistas sobre qual a posição da OM sobre o processo Remédio Santo que começou ontem a ser julgado no Tribunal de Monsanto (Lisboa) e onde há 18 arguidos – seis médicos entre os arguidos – acusados de burlar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) em quatro milhões de euros, o bastonário afirmou que se houver médicos condenados, a Ordem dos Médicos vai «aplicar uma punição severa». «A Ordem [dos Médicos] aplaude a forma como o Ministério da Saúde tem estado a combater a fraude e a corrupção na Saúde. Estamos à espera que as sentenças transitem em julgado. Se houver, aparentemente vai haver, médicos condenados, nós iremos aplicar uma punição severa», declarou, citado pela “Lusa”.
OM pede inspeção aos hospitais do Algarve
O bastonário da OM pediu ontem uma intervenção da Inspeção Geral das Atividades em Saúde ao Hospital de Faro para averiguar os fundamentos das críticas lançadas na sexta-feira por 370 médicos do Centro Hospitalar do Algarve (CHA). «A única forma de se esclarecer efetivamente a extensão, a verdade e a origem dos problemas no Hospital de Faro é haver uma inspeção da Inspeção Geral das Atividades em Saúde e, portanto, naturalmente que mantenho essa solicitação», declarou José Manuel Silva, que está a realizar uma visita de dois dias ao Algarve. Já a 7 de fevereiro, o bastonário tinha pedido uma inspeção à gestão do CHA. Trezentos e setenta médicos do CHA, de todas as fases da carreira, repudiaram na sexta-feira as declarações do presidente do conselho de administração do CHA, Pedro Nunes, ao ter criticado os clínicos que têm alertado para os problemas de rutura nos hospitais públicos da região algarvia. «Quando há um abaixo-assinado de mais de 300 médicos a criticar a gestão do hospital, naturalmente é porque há fundamento para as críticas que são mencionadas nesse abaixo-assinado», considerou o bastonário da OM. Apesar de ter verificado que houve «algumas melhorias no Hospital de Faro», nomeadamente um aumento da lotação em 87 camas, José Manuel da Silva, que visitou ontem o CHA em Faro, declarou que há «claros problemas de relacionamento entre as pessoas, de gestão de recursos humanos e até, em algumas circunstâncias, de desconsideração pelos médicos». Segundo o bastonário, é preciso que o conselho de administração do CHA «tenha mais respeito e consideração pelos profissionais», porque na circunstância de as retribuições do foro financeiro serem substancialmente reduzidas «é preciso dar mais atenção aos outros fatores motivacionais de todos os profissionais, nomeadamente o respeito, a consideração e a verdade e a transparência». «É preciso enfrentar com verdade os problemas do Hospital de Faro», continuou, recordando que tem havido uma «gestão no limite» e que a gestão dos stocks no limite, faz com que por vezes «não haja material disponível para alguns procedimentos». E m 6 de janeiro, 205 médicos assistentes hospitalares com vínculo laboral ao CHA alertaram, em carta aberta, para a situação de rutura registada nos hospitais públicos do Algarve que, segundo alegaram, «coloca em risco a assistência médica à população». Nesta última carta aberta, os médicos consideraram «estar perante uma verdadeira crise institucional» e esperam que Pedro Nunes, ex-bastonário da Ordem dos Médicos, lhe ponha «termo de forma ajustada». |