Ordem: Metade dos médicos dizem que doentes faltam mais às consultas devido a custos 15 de setembro de 2014 O bastonário da Ordem dos Médicos revelou hoje que cerca de 50% dos médicos afirmam que os «doentes faltam mais às consultas» devido aos custos com taxas moderadoras e transportes, conclui um inquérito realizado em 2013. Além das faltas a consultas, mais de 60% dos médicos questionados «deparam-se com o abandono frequente de terapêuticas no Serviço Nacional de Saúde (SNS)» devido «à incapacidade financeira invocada pelos doentes», sublinhou José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos. O bastonário falava em Coimbra onde divulgou os resultados de um inquérito realizado em parceria entre o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) e a Ordem dos Médicos (OM). O mesmo estudo revela também que «um terço dos médicos deixam de prescrever medicamentos com frequência no SNS devido à incapacidade financeira invocada pelos doentes», referiu o bastonário. Quanto à qualidade dos serviços prestados no Serviço Nacional de Saúde, 65% dos médicos «afirmam que nas respetivas instituições existem faltas recorrentes de material para o exercício da profissão», cerca de 60% dos profissionais «consideram que a qualidade do SNS foi afetada pelo menor acesso a atividades de formação» e 80% afirmam ter «menos tempo para orientação de internos». O questionário mostra ainda que 80% dos médicos inquiridos «considera que os cortes já aplicados no financiamento do SNS» comprometeram «a qualidade e acessibilidade dos cuidados», salientou. Segundo José Manuel Silva, «não vale a pena discutir a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde, quando não há sustentabilidade do país». «Temos a classe política menos bem preparada e menos honesta da Europa», criticou, considerando que é necessário mudar essa classe para que «o país e o SNS tenham futuro». O bastonário falava numa cerimónia de comemoração dos 35 anos do SNS em Coimbra, dinamizada pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, em que se procedeu à rega da “Oliveira do Serviço Nacional de Saúde”. De acordo com a “Lusa”, os dados revelados por José Manuel Silva referem-se a um projeto de investigação coordenado por Tiago Correia, do ISCTE, e pelo bastonário, em que foi enviado um questionário a todos os médicos inscritos na Ordem, tendo respondido 3.448 médicos. Os resultados apresentados reportam-se apenas aos 1.631 inquéritos «já validados». Na cerimónia de comemoração dos 35 anos do SNS estiveram também presentes o antigo ministro socialista, António Arnaut, o presidente da secção regional, Carlos Cortes, o presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, a presidente da Liga dos Amigos dos Hospitais da Universidade de Coimbra, Isabel Garcia e o reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, entre outros. |