Ordens Profissionais da saúde querem levar ao PR plano de emergência que pede mais financiamento 628

Ordens Profissionais da saúde querem levar ao PR plano de emergência que pede mais financiamento

12 de Outubro de 2016

As ordens profissionais do setor da saúde querem reunir-se com o Presidente da República para lhe apresentar um plano de emergência que pretende repor o financiamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ao nível da média da OCDE.

Em declarações à “Lusa”, o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, explicou que a audiência já pedida a Marcelo Rebelo de Sousa, ainda a aguardar agendamento, para apresentar o plano de emergência para a saúde que, numa altura em que se ultima a proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2017, pretende ser «uma chamada de atenção para os graves problemas que o SNS hoje enfrenta» e que decorrem do baixo financiamento do Estado.

Segundo números das ordens profissionais do setor da saúde o financiamento do Estado ao SNS situa-se atualmente nos 5,8% do Produto Interno Bruto (PIB), distante dos 6,5% em que se fixa a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Sem repor o financiamento a estes níveis, «não será possível prestar um serviço de qualidade e que respeite a Constituição aos cidadãos portugueses através do SNS», garantiu o bastonário dos médicos.

As contas das ordens profissionais apontam para uma necessidade de mais de 1.200 milhões de euros de acréscimo do financiamento, «absolutamente necessários» para dar resposta à degradação de infraestruturas, a equipamentos obsoletos ou contratação dos profissionais necessários, entre outros aspetos.

«Para termos o SNS que os portugueses esperam ter e têm o direito de exigir esse é o valor mínimo», disse José Manuel Silva, que acrescentou que qualquer aumento no financiamento se traduzirá numa melhoria da resposta dos serviços.

O bastonário da Ordem dos Médicos defendeu que esta institucionalizada em Portugal «uma injusta saúde a duas velocidades, em que os mais pobres só podem recorrer ao SNS empobrecido e em que os mais ricos pagam a saúde duas vezes para poderem recorrer ao setor privado, estando também a pagar os seus impostos para o SNS».

«É obrigatório reverter esta situação e isso só se consegue aumentando o financiamento do SNS. Tudo o resto são medidas de mistificação», afirmou José Manuel Silva, que disse também que o problema não está no Ministério da Saúde – uma vez que o próprio ministro já reconheceu publicamente que o nível de financiamento atual é insuficiente – mas sim no OE.

Para o bastonário cabe ao Governo e à Assembleia da República dar resposta ao problema.

O plano de emergência para a saúde, que as ordens profissionais querem apresentar em primeira mão ao Presidente da República, vai conter um conjunto de medidas que os profissionais da saúde consideram urgentes para o setor.