A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou, no seu boletim de junho, um artigo de investigação, com coautoria de optometristas que estão na linha da frente ao combate à epidemia de miopia nos países asiáticos, com destaque para China, e concluiu que a miopia é um problema de saúde global.
A OMS alerta que é imprescindível que outros países tomem medidas preventivas para evitar o crescimento da miopia na sociedade, nomeadamente com a implementação de cuidados refrativos para a saúde da visão. A prevalência da miopia está a aumentar globalmente a um ritmo alarmante, com o aumento significativo dos riscos para a deficiência visual causada pelas condições patológicas associadas com a miopia elevada, incluindo patologias da retina, catarata e glaucoma.
O relatório da OMS – Instituto de Visão Brien Holden contabilizou, em 2010, quase dois mil milhões de pessoas que sofriam de miopia (27 por cento da população mundial), sendo que 2,8 por cento sofre de miopia elevada. É projetado, para o ano de 2050, um aumento para quase cinco mil milhões de míopes, representando 52 por cento da população mundial, dos quais cerca de mil milhões serão altos míopes, ou seja, 10 por cento da população mundial.
Para Raúl de Sousa, Presidente da APLO, “a epidemia da miopia pode ser evitada se forem adotadas medidas concretas e eficazes, baseadas na evidência científica e nas recomendações da OMS. Portugal é uma das exceções europeias, onde não existem cuidados primários para a saúde da visão no Serviço Nacional de Saúde”. Raúl de Sousa deixa a questão: “porque não se seguem as recomendações da OMS, e se colocam a os Optometristas como prestadores de cuidados primários para a saúde da visão no Serviço Nacional da Saúde, potenciando a prestação de cuidados primários para a saúde da visão, em contexto de equipa multidisciplinar com as várias profissões da área, dado que está demonstrado que é uma das soluções óbvias para melhorar a vida ocular dos doentes?”
O erro refrativo é apontado, tanto no mundo como em Portugal, como a causa principal de deficiência visual, e a miopia não corrigida como a causa mais frequente de deficiência visual, quando avaliada pela acuidade visual de apresentação. A não correção ou correção inadequada contribui para o aumento do valor da miopia em crianças e adolescentes.
Por esse motivo, assegurar o acesso aos cuidados primários para a saúde da visão na comunidade e de proximidade é absolutamente prioritário e essencial. A Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira afirmou que “os optometristas desempenham um papel vital ao assegurar o acesso a cuidados para a saúde da visão. Eles, frequentemente, são o primeiro ponto de contacto com a população que sofre de problemas visuais; responsáveis por examinar o olho, prescrever óculos e lentes de contacto e, importante, detetando qualquer doença ocular ou anomalia, referenciando para o médico, quando necessário.”
A miopia carateriza-se por uma visão desfocada dos objetos situados ao longe e visão mais nítida dos objetos próximos. Este processo ocorre devido ao aumento do globo ocular em relação à sua normal morfologia, ou ao aumento da curvatura da córnea, o que leva a que as imagens dos objetos situados a mais de cinco metros fiquem desfocadas, uma vez que o foco é feito antes da retina.
Sobre a APLO
A Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO) representa os Optometristas, a maior classe profissional de prestadores de cuidados para a saúde da visão, em Portugal. Atualmente conta com cerca de 1.250 membros. A APLO é membro Fundador da Academia Europeia de Optometria e Ótica, membro do Conselho Europeu de Optometria e Ótica, membro do Conselho Mundial de Optometria e membro do Conselho Consultivo Externo da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior.