O Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas é o ciclo de estudos que habilita o seu titular às diversas atividades constantes do Ato Farmacêutico, de acordo com a Diretiva Europeia 2013/55/CE. Durante 5 anos, os estudantes de MICF adquirem conhecimentos transversais às áreas das ciências biológicas, químicas e do medicamento, capacitando-se para virem a exercer funções em diversas saídas profissionais, desde a Investigação, as Análises Clínicas e a Indústria até á Distribuição, a Farmácia Hospitalar e a Farmácia Comunitária. Consequentemente, estes futuros Farmacêuticos são integrados num curso orgulhosamente universitário e de cariz científico. Porém, a translação dos conhecimentos adquiridos à realidade profissional não é tão fluída quanto se poderia desejar.
Bolonha constituiu-se um genuíno desafio para o Ensino Farmacêutico: a harmonização legal dos diplomas resultou na extinção dos ramos profissionalizantes do MICF, traduzindo-se numa formação heterogénea que, em somente 5 anos, vê-se obrigada a abordar, dentro do possível, todas as bases científicas para o vasto leque de saídas profissionais do Mestre em Ciências Farmacêuticas. Esta realidade levou à mobilização dos estudantes. Através das suas associações e núcleos, é possível aceder a toda uma oferta de estágios extracurriculares e iniciativas formativas que se constituem mecanismos de resposta para as diversas lacunas curriculares que se foram tornando claras.
Nas últimas décadas, o movimento associativo tem procurado acrescentar valor não só ao Ensino, mas também ao Setor Profissional, privilegiando a dinamização de iniciativas de teor político onde se procura consciencializar os estudantes para a sua futura realidade profissional, numa lógica de proposição de respostas para os desafios que lhe são inerentes. Só assim, com o devido pensamento crítico e literacia política, poderão os futuros profissionais ser uma mais valia para a sociedade. Adicionalmente, os estudantes têm procurado transmitir a sua voz aos decisores políticos, lado a lado com todos os agentes do setor e sempre com o objetivo de valorizar a profissão. Importa ainda referir o importante papel no âmbito da intervenção cívica e educação para a saúde, dando a conhecer à população a relevância do farmacêutico como promotor de literacia em saúde.
Porém, a contínua dignificação da profissão não pode ser uma batalha protagonizada pelos estudantes. Queremos fazer parte da solução, mas necessitamos de reconhecer no Setor Farmacêutico uma classe agregada e mobilizadora, inconformada e ambiciosa. Somos uma profissão nobre e queremos caminhar lado a lado para, em prol de todo e qualquer português, continuar a assegurar a melhor prestação de cuidados em saúde. Entretanto, as gerações vindouras estão mais que motivadas para fazer jus ao importante legado que os profissionais do presente nos deixarão.
Bruno Alves
Presidente da Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF)