Os preços dos medicamentos em Portugal, sobretudo os produtos mais baratos, terão de aumentar nos próximos anos, defende o presidente da APIFARMA, João Almeida Lopes.
Segundo o responsável «vai ter de ser, inevitavelmente, sob pena de a partir de determinada altura não termos um mercado sustentável», remetendo para as «dificuldades» que muitas farmácias têm vindo a sentir desde a intervenção da Troika. Tal obrigou a «baixar radicalmente o preço dos medicamentos e a diminuir as margens de lucro quer das farmácias quer dos distribuidores». «Isso colocou claramente em risco muitas farmácias, sobretudo as farmácias de mais pequena dimensão dos centros mais afastados», explica o responsável numa notícia avançada pelo “Observador”.
Para balançar este efeito, e «para evitar que a certa altura tenhamos um mercado insustentável», há que «tomar a decisão de encontrar mecanismos para que possam começar a ser feitos ajustamentos também para cima, sobretudo nos escalões mais baixos», afirma Almeida Lopes. Na sua opinião, «de há 15 anos a esta parte, se não for mais, todas as revisões de preço são sempre feitas em baixa» tal explica porque é que «os cidadãos, por vezes, não encontram determinado tipo de medicamento nas farmácias».
O responsável sublinha que se tivesse havido uma compensação para os medicamentos nos escalões mais baixos, tal iria reequilibrar no sistema. Defende ainda que o contínuo esmagamento do preço conduz a uma inevitabilidade do medicamento desaparecer, e «vai aparecer uma alternativa que é mais cara».
João Almeida Lopes faz ainda a comparação com outros países e a sua evolução recente dos preços, «quando nos países de referência os medicamentos sobem, em Portugal não sobem. Isso leva a que haja produtos com uma degradação de preços inacreditável. Que depois faltam porque custam um, dois euros e acabam por desaparecer, naturalmente».
Avança igualmente com a ideia de que outro «ganho» para as farmácias seria a redução do número de medicamentos que apenas podem ser distribuídos nos hospitais. João Almeida Lopes refere que em Portugal há mais medicamentos que não podem ser vendidos pelas farmácias, o que «em muitos casos, não nos parece fazer sentido».