Para que serve uma sala de aulas sem alunos? 836

O ato comunicacional não termina com a execução da mensagem. Qualquer comunicador sabe que se a mensagem não chegar ao seu público-alvo é como se não existisse.

É, por isso, que, em termos de comunicação publicitária, existem responsáveis cujo trabalho é conseguir exatamente que os anúncios cheguem ao seu público-alvo e ao menor preço. Chamam-se planeadores de meios e cabe-lhes a análise de diversos elementos, que vão desde as características dos suportes usados, ao seu preço por contacto, cobertura do público a que nos interessa fazer chegar a mensagem, etc.

É que discutir se a árvore que caiu no meio da floresta – quando ninguém estava lá para ouvir -, produziu som ou não… até pode ter muito interesse em termos filosóficos e levar a discussões tão intermináveis como a do ovo e da galinha; mas em termos comunicacionais, a resposta é muito mais simples: se o seu público não recebeu a mensagem, ela não cumpriu a sua função. Ou seja, na floresta da publicidade não existe som, se não existir público. E não é um público qualquer; precisa de ser aquele que lhe interessa.

Afinal, de que serve a melhor aula do mundo, se dela estiverem ausentes os únicos que lhe darão sentido: os alunos? Na comunicação, como em muitas outras coisas, não nos devemos esquecer da partilha e, já agora, acompanhada de alguma generosidade.

João Barros,

Professor Convidado na Escola Superior de Comunicação Social e Investigador no Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa