Paulo Cleto Duarte: “É muito mais o simbolismo do momento do que aquilo que vamos fazer” 1500

O presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF), Paulo Cleto Duarte, numa sessão de esclarecimentos aos associados, a que o portal Netfarma teve acesso, explicou o porquê do protesto simbólico que as farmácias vão realizar no dia de hoje, a partir das 15:00 e durante 23 minutos, o mesmo tempo que a Assembleia da República (AR) vai discutir a petição “Salvar as farmácias, cumprir o SNS”.

A petição foi entregue em abril de 2019, com 120 mil assinaturas, a maior da legislatura, e conta com o apoio de várias ordens profissionais: Médicos, Enfermeiros, Farmacêuticos, Médicos Dentistas, Associações do sector do medicamento, Associações de Doentes, entre outras.

O presidente da ANF começou por explicar o porquê deste protesto simbólico.

“Achamos que há uma oportunidade simbólica e histórica do sector de farmácias marcar a agenda politica actual e acima de tudo marcar um conjunto de de ideias, princípios e de valores que são fundamentais, não só para o nosso presente mas principalmente para o nosso futuro. Por isso, decidimos que estes 23 minutos eram minutos que devíamos aproveitar para promover aquilo que é o nosso principal activo, a nossa principal força, aquilo que é a nossa razão de existir, que é a proximidade com os nossos utentes. Queremos que nesses 23 minutos estejamos focados em explicar porque é que o que se vai passar na AR faz tanta diferença à vida das nossas pessoas, como também à rede de farmácias. E é esse o momento simbólico que quisemos criar”, afirmou.

Questionado sobre o que vai acontecer em concreto nesses 23 minutos de suspensão do funcionamento habitual nas farmácias, Paulo Cleto Duarte indica que a ideia é reduzir a atividade ao mínimo e ser um momento simbólico.

“O que decidimos foi criar um conjunto de condições para que a atividade se reduza ao mínimo, inclusive a visão dos utentes, porque dessa forma todas as atividades planeadas possam não ocorrer nessa hora. Inclusive a prescrição electrónica. É muito mais o simbolismo do momento do que aquilo que vamos fazer. É um momento em que estamos a ser vistos por 10,5 milhões de portugueses. É um momento para quem decide se lembre que passam 500 mil pessoas todos os dias nas farmácias. Nesses 23 minutos vamos ser capazes de explicar porque é que é tão importante que quem tem de decidir permita aos portugueses ter acesso a serviços essenciais e proteja a rede de farmácias, principalmente as farmácias mais frágeis”, explicou.

Paulo Cleto Duarte deixou ainda uma nota no que se refere à prescrição electrónica.

“Já agora convém ter a noção de que nos últimos 2 meses tivemos muitas mais horas sem prescrição electrónica e não houve nenhum doente que não tivesse sido apoiado pelas farmácias”, sublinhou.

O presidente da ANF explicou também o porquê da escolha dos 23 minutos.

“Nós tivemos de gerir o equilíbrio entre criar o momento que tivesse força suficiente para ser assunto mas ao mesmo tempo sabíamos o que não queríamos, que era pôr em causa a nossa relação com as pessoas, com os nossos utentes, e a nossa relação com todas as entidades que apoiaram esta iniciativa. Portanto era fundamental encontrarmos um equilíbrio entre uma ação que tivesse o poder de mobilizar as farmácias e as pessoas, chamar a atenção”, disse.

Paulo Cleto Duarte acrescentou ainda que “os 23 minutos porque pareceu ser o equilíbrio adequado em que nós saberíamos que nenhum português ficaria sem o nosso apoio por essa razão. E nós temos a certeza que se nos organizarmos bem sabemos que cada uma das farmácias vai cumprir lindamente a sua missão e vai contar a sua realidades aos seus utentes e todos vão compreender, principalmente pelo que se passou nos últimos dois meses, em que as farmácias se tornaram mais importantes que nunca. E principalmente numa altura em que o SNS está mais frágil e o acesso aos outros cuidados de saúde não está a correr de acordo com as espetativas dos doentes”.

A atenção sobre este assunto também foi referida pelo presidente da ANF que indicou que este protesto simbólico tem “tido muita atenção, muita preocupação de todos os lados do poder politico, e já se conseguiu que o assunto não passasse despercebido”.