20-Mar-2014 O ministro da Saúde, Paulo Macedo, criticou ontem a existência de «rendas e margens excessivas» praticadas por algumas empresas do setor, defendendo a necessidade de haver «dados mais transparentes», a par da rendibilidade da Indústria. No Porto, durante a intervenção num almoço debate organizado pelo International Club of Portugal, Paulo Macedo falou das rendas existentes no setor da saúde, lamentando que estas não tivessem o mesmo destaque e visibilidade que têm a de outras áreas, como por exemplo as da energia. No final, questionado pelos jornalistas sobre este tema, o ministro da Saúde disse que o Governo tem divulgado «rendas, preços e margens que são de facto excessivas nesta área». «Temos produtos farmacêuticos com margens de determinadas moléculas, de determinados medicamentos que têm variações como quando passam de medicamento de marca a genérico de 6000%, temos margens de 500%, temos reduções de 50% no preço. Isto não é normal», defendeu, falando de «total opacidade». De acordo com a “Lusa”, Paulo Macedo sublinhou que, em áreas como a eletricidade, a banca ou as seguradoras, é possível fazer comparações, realçando que, na saúde, é preciso ainda «fazer muita coisa» para se ter «dados mais transparentes». «Obviamente a Indústria tem de ser rentável, porque tem de continuar a poder investigar e a ter investigação mas que sejam valores que os cidadãos possam suportar», ressalvou. Para o governante, «há possibilidades em diversas áreas de ter margens mais adequadas àquilo que são as possibilidades dos portugueses», defendendo «o acesso à saúde, em condições razoáveis, com margens razoáveis». Interrogado sobre alguns casos polémicos na área da saúde que levaram a inquéritos, Paulo Macedo antecipou «conclusões preliminares sobre vários até ao mês que vem». «Casos de diferente natureza, como já percebemos. Há casos que se está a analisar em termos de sistema e de organização, há outros casos que se está a analisar em termos de erro clínico. Isto é feito sempre com base em peritos. Mas conclusões preliminares da parte da Inspeção Geral de Atividades em Saúde, só no próximo mês», disse. Durante a sua intervenção no debate, o ministro considerou ainda ser «um disparate» dizer que, na saúde, houve «cortes cegos», afirmando ainda não ser necessariamente mau cortar na despesa do setor. Sobre as taxas moderadoras, o responsável da tutela salientou que, apesar de terem aumentado, «não afastaram as pessoas da saúde», destacando que «80% dos utilizadores estão isentos de taxas». Sobre a necessidade de reformas estruturais nesta área, Paulo Macedo avançou a aposta na prevenção e em campanhas, defendendo ainda a necessidade de reduzir os custos dos cuidados e não os cuidados em si. Evidenciando um «orçamento menor» na saúde, o ministro destacou a característica adicional que é o facto de os custos e as expetativas das pessoas estarem a aumentar no setor da saúde. |