PCP e BE apresentam projetos para travar reforma das urgências na Grande Lisboa 04-Fev-2014 O PCP e o Bloco de Esquerda apresentam na quarta-feira, na Assembleia da República, projetos de resolução sobre a reforma das urgências na grande Lisboa, a qual criticam e pretendem travar. Para o PCP, «a criação da designada urgência metropolitana em Lisboa integra uma estratégia de desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS)». «É mais uma peça do puzzle para reduzir serviços públicos de saúde, numa atitude de clara desresponsabilização do Governo pelas suas responsabilidades e paulatinamente dar mais espaço aos grandes grupos económicos privados lucrarem com a saúde», lê-se no projeto de resolução que pretende a revogação da reorganização das urgências no período noturno. A reorganização começou em 2012 com a concentração da especialidade de otorrinolaringologia no Hospital de Santa Maria, com a tutela a justificar a medida com a falta de médicos com menos de 50 anos e com «casuística baixa» de atendimentos noturnos em certas especialidades. A segunda fase desta reorganização abrangeu as especialidades médicas de psiquiatria e oftalmologia que foram concentradas nos hospitais de Santa Maria e São José. A rotatividade de urologia e cirurgia vascular entre os hospitais de Santa Maria e São José foi definida como a terceira fase desta reestruturação. Para o PCP, «a concentração das urgências na Área Metropolitana de Lisboa (AML) integra-se nesta estratégia do Governo para reduzir custos». «Este processo foi feito à margem dos profissionais de saúde, dos sindicatos e dos utentes, sem sequer ter apresentado as fundamentações técnicas e científicas». Os comunistas pretendem que a Assembleia da República recomende a revogação da «decisão de concentrar as urgências no período noturno na AML e restitua o funcionamento da rede de urgências como estava anteriormente». O Bloco de Esquerda (BE), que recomenda ao Governo a apresentação de uma planificação credível sobre a reforma das urgências na grande Lisboa, considera que «têm sido tomadas decisões inexplicáveis à luz do rigor, do bom senso e da boa gestão da “res publica”». «Este Governo tem sido prolífico na produção de relatórios inconsequentes; mas, enquanto os cães ladram a caravana passa, ou seja, de relatório em relatório, de consultora em consultora, vão-se fechando serviços e valências, desmantelando unidades, encerrando hospitais ou transferindo profissionais», lê-se no projeto de resolução bloquista. O BE receia que, «no final, nada estará como antes e tudo estará pior para os utentes». «Uma real e efetiva reorganização, direcionada para os utentes e para as suas necessidades, consequente, bem fundamentada e estudada, com programação para a sua aplicação, pura e simplesmente não existe», acusam, citados pela “Lusa”. Os bloquistas propõem que a AR recomende ao Governo a realização de «um estudo credível, independente, elaborado por instituições públicas, sobre a reforma das urgências na região de Lisboa e Vale do Tejo». «Este estudo, que terá que estar aberto à discussão pública, tem que ter em conta a real complexidade desta reorganização, deve envolver as instituições visadas, os profissionais e os utentes». O BE defende que, «até à conclusão deste estudo, não sejam efetuadas alterações na rede de urgências da zona de Lisboa e Vale do Tejo». |