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Pílula faz diminuir mortalidade por cancro dos ovários

07 de Setembro de 2016

A mortalidade por cancro dos ovários caiu significativamente no mundo ocidental entre 2002 e 2012 e deverá continuar a cair, segundo um estudo publicado ontem, em que se atribui a queda ao uso generalizado da pílula anticoncecional.

As mortes diminuíram 16 por cento nos EUA, 10% nos 28 países da União Europeia excluindo o Chipre, para o qual não há dados, e oito por cento no Canadá.

No Japão, onde a taxa de cancro nos ovários é mais baixa do que em muitos outros países, a taxa de mortalidade caiu dois por cento, acrescenta o estudo, publicado na revista “Annals of Oncology”.
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Na Austrália e na Nova Zelândia, as mortes diminuíram 12% entre 2002 e 2011 – o ano mais recente para o qual há dados.

«A razão principal desta tendência favorável é o uso de contracetivos orais», escrevem os autores, citados pela “Lusa”.

A redução das taxas de mortalidade associada ao cancro dos ovários é mais visível nas mulheres jovens e de meia-idade do que nas mulheres mais velhas e mais significativa nos EUA, Reino Unido e Europa do Norte, indica o estudo.

«Estes são os países onde os contracetivos orais – que têm um efeito protetor de longo prazo no risco de cancro dos ovários – foram introduzidos mais cedo e usados mais frequentemente».

Uma redução no uso de terapias de substituição hormonal para mitigar os sintomas da menopausa, assim como uma melhoria do diagnóstico e do tratamento do cancro, também poderão ter contribuído.

Pensa-se que as terapias de substituição hormonal, que usam estrogénio e progesterona para aliviar sintomas como afrontamentos, secura vaginal e baixo desejo sexual, aumentam o risco de cancro dos ovários em até 40%, segundo um estudo de 2015.

Já a pílula, pelo contrário, é comummente aceite que protege contra esta doença, considerada um “assassino silencioso” porque frequentemente só é detetada demasiado tarde.

Outras investigações ligaram os contracetivos orais a um risco acrescido de cancro da mama, assim como de ataque cardíaco e acidente vascular-cerebral.

O estudo agora apresentado, que não tem números sobre África, revela que a tendência de queda das mortes por cancro dos ovários é inconsistente entre países.

Entre os países europeus, a quebra varia entre 0,6% na Hungria e mais de 28% na Estónia, havendo mesmo um aumento na Bulgária.

Na América Latina, o número de mortes diminuiu na Argentina, no Chile e no Uruguai, mas aumentou no Brasil, na Colômbia, em Cuba, no México e na Venezuela.

Com base em dados da Organização Mundial de Saúde, os cientistas estimam que as mortes por cancro dos ovários caiam mais 15% nos EUA até 2020, e até 10% na UE e no Japão.