O Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, foi esta terça-feira (26) recebido por mais de duas dezenas de profissionais em protesto, durante a Sessão Solene do Dia do Farmacêutico, no Porto.
Na Secção Regional do Norte da Ordem dos Farmacêuticos, Manuel Pizarro deparou-se com mais de duas dezenas de profissionais de farmácia hospitalar e análises clínicas vestidos de preto, num protesto silencioso em que se ergueram palavras de ordem como “dignidade”, “diálogo”, “negociação”, “respeito” e “equidade”.
“Somos responsáveis por gerir a segunda maior verba que existe nos hospitais: os medicamentos. Acontece que a nossa carreira, quando foi subdividida, não teve impacto orçamental, os vencimentos não subiram”, assegura ao Netfarma Aida Batista, diretora dos Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Médio Ave, em nome do grupo criado no WhatsApp, sem líder ou ligação ao Sindicato Nacional ou à Ordem dos Farmacêuticos.
A farmacêutica lembra que a tabela salarial dos profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é igual a 1999 e que, se na altura a diferença em relação aos médicos era “muito pequena”, hoje recebem “praticamente abaixo dos enfermeiros e mesmo dos técnicos de diagnóstico e terapêutica em algumas categorias”. “Não é que uns sejam mais que os outros, mas sentimos que estamos a ser esquecidos”, explica.
Refere ainda que as responsabilidades solicitadas aos farmacêuticos do SNS são cada vez maiores e que a capacidade para as fazer cumprir são escassas, devido ao cansaço e à falta de recursos. “O senhor ministro fala muito na abertura de vagas no ano passado para a Residência Farmacêutica, mas esquece-se que durante anos as pessoas foram saindo por reforma e para o privado”, continua, ao dar conta que a Residência tem uma duração de quatro anos e que a necessidade é imediata. “Somos poucos, muito poucos”, diz.
A representante dos manifestantes fala em consultas farmacêuticas, análises específicas, preparações de medicamentos e em atualizações de conhecimento contínuas. “Não temos tempo”, admite, devido à falta de recursos humanos, uma vez que, garante, “as contratações estão praticamente vedadas”. “Os hospitais abrem um concurso e lá vêm os farmacêuticos do Hospital A para o Hospital B, e o B fica sem pessoas, isto é um ciclo vicioso”, exemplifica, para referir que as negociações com o Sindicato não foram leais por parte do Ministério.
Manuel Pizarro reconheceu as necessidades do setor, mas referiu que 2023 marca “avanços muito significativos na incorporação dos farmacêuticos no SNS”, cita a Lusa. Numa intensificação da luta sindical, os farmacêuticos do SNS realizaram várias greves este ano. A Ordem recebeu mais de 160 escusas de responsabilidade.