O PCP recusou ter cedido a pressões da Indústria Farmacêutica para apresentar a iniciativa parlamentar de inclusão de mais vacinas no Plano Nacional de Vacinação (PNV), a qual foi aprovada na especialidade no Orçamento do Estado para 2019.
Em declarações à agência “Lusa”, a deputada comunista Carla Cruz defendeu a «universalidade» e «gratuitidade» das vacinas em causa, assente em «evidências científicas», mas sublinhou que a medida não coloca em causa o trabalho da comissão técnico-científica da Direção-Geral de Saúde, encarregada do PNV.
Na terça-feira, o parlamento aprovou, no período de discussão e votação na especialidade do Orçamento do Estado para 2019, a integração das vacinas contra a meningite B, o rotavírus e o HPV (vírus do papiloma humano) para os rapazes no PNV.
A primeira proposta votada para esta inclusão no PNV foi a do PCP, aprovada pelos proponentes, PSD e BE, mas com o voto contra do PS e a abstenção do CDS-PP.
A ex-ministra da Saúde socialista Ana Jorge, pediatra, fez declarações públicas em que sugeriu pressões por parte da Indústria Farmacêutica para a introdução de mais vacinas no PNV e juntou-se às vozes do bastonário da Ordem dos Médicos e da atual ministra da Saúde, que assinalaram como estranha a decisão por parte de deputados de inclusão de vacinas sem que haja uma posição da comunidade médico-científica.
«O PCP rejeita veementemente quaisquer insinuações sobre pressões da Indústria Farmacêutica. O PCP nunca se deixou condicionar por pressões. A proposta do PCP baseou-se nos princípios do acesso universal às vacinas em causa e sua gratuitidade – as famílias ficam a poupar em custos de cerca de 600 euros, segundo aquilo que veio a público», disse Carla Cruz.
A parlamentar comunista afirmou que «há evidências científicas e técnicas para a introdução destas vacinas», citando um parecer deste ano da Sociedade Portuguesa de Pediatria e documentos do grupo de estudo do cancro da cabeça e pescoço.
«Trata-se de uma questão de imunização individual e de salvaguarda da saúde pública. Esta proposta não inviabiliza a continuidade do trabalho que a comissão técnico-científica da Direção-Geral de Saúde está e continua a fazer, até porque o PNV está em contínua avaliação, é uma coisa dinâmica. O PCP não quis afrontar, nem ingerir-se nas decisões da comissão técnico-científica», acrescentou Carla Cruz.