Poluição do ar custa três mil milhões em saúde e ambiente 25 de novembro de 2014 A poluição do ar, gerada pela indústria portuguesa, poderá ter custado mais de três mil milhões de euros, entre 2008 e 2012, por danos na saúde e ambiente, segundo estudo da Agência Europeia do Ambiente (AEA). «Para Portugal, nos cinco anos [2008/2012], a poluição das instalações industriais custaram à Europa, como um todo, pelo menos 3,320 mil milhões de euros», disse ontem à agência “Lusa” o especialista da AEA Martin Adams. Este não é um custo só para Portugal, mas também para os países onde estes poluentes chegam, já que uma das características da poluição do ar é que se espalha por vários locais e não «conhece» fronteiras, acrescentou o responsável pelo grupo de técnicos que acompanha a área da Qualidade do Ar na AEA. O relatório da entidade europeia, divulgado ontem, analisa as consequências de vários poluentes na saúde, com perdas de vidas, mas também na agricultura ou outros setores, em 29 países. Na Europa, a poluição do ar por elementos como dióxido de carbono, óxidos de azoto ou poluentes orgânicos persistentes, terá tido custos superiores a um bilião (um milhão de milhões) de euros, entre 2008 e 2012. Na maior parte das análises, por tipo de poluente, tendo em conta o Produto Interno Bruto (PIB), ou a população, Portugal situa-se no meio da tabela, entre o grupo daqueles países com mais custos, devido ao elevado número de fábricas, como Alemanha, Polónia, Reino Unido, França, Itália ou Roménia, e dos que apresentam valores mais baixos, como Letónia, Malta, Luxemburgo ou Chipre. Entre as 200 unidades industriais que causam mais danos à saúde e ao ambiente, Portugal aparece citado duas vezes, com duas unidades em Sines: a central termoelétrica (em 125.º lugar) e a refinaria da Petrogal (em 163.º lugar). As empresas portuguesas que aparecem a seguir estão igualmente relacionadas com a produção de energia e são a central termoelétrica do Pego (em 296.º lugar) e a refinaria da Petrogal de Matosinhos, no Porto (posição 394). Outras áreas de atividade também constam da lista da AEA, como o aterro sanitário da Figueira da Foz, que está no lugar 488, ou o centro de produção de Souselas, da Cimpor, no lugar 558. Martin Adams disse que, «em Portugal, são cerca de 350 as unidades industriais que reportam anualmente à Europa as suas emissões, nomeadamente de dióxido de carbono, relevante [para as] alterações climáticas, e de outros poluentes que afetam a saúde e podem causar problemas respiratórios». Estes poluentes «contribuem para mortes prematuras e são responsáveis por custos para a sociedade, como aqueles resultantes de hospitalizações ou outros gastos com a saúde, ou ainda das ausências ao trabalho», explicou o especialista. «Algumas instalações industriais em Portugal contribuem muito para os custos relacionados com a saúde, devido à poluição do ar, mas também com os efeitos do ambiente», apontou Martin Adams, e recordou que outras fontes de poluição do ar são importantes, como aquelas relacionadas com as emissões dos transportes, nas cidades. As maiores unidades de produção de eletricidade são as mais poluentes e situam-se em Itália, no Reino Unido ou na Alemanha, registando os maiores custos por danos. Mas quando a análise tem em conta a eficiência, os resultados mudam e encontram-se mais instalações poluidoras, ou seja, necessitando de queimar mais combustível para obter a mesma quantidade de energia, no leste da Europa, disse ainda Martin Adams. |