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Porto coordena criação de plataforma digital de rastreio da retinopatia diabética

 


08 de junho de 2017

Investigadores do Porto estão a coordenar um projeto que visa desenvolver uma plataforma digital de rastreio da retinopatia diabética, «a principal causa de cegueira no mundo industrializado», de forma a auxiliar os médicos e a atacar mais rapidamente a doença.

Esta plataforma de análise de imagem vai permitir, assim, «um tratamento precoce e mais eficaz, para uma população diabética mais alargada», disse à “Lusa” Aurélio Campilho, responsável pelo Centro de Engenharia Biomédica do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), entidade que coordena o projeto a nível nacional.

Para tal, a plataforma, que estará disponível aos oftalmologistas, vai incorporar tecnologias de informação e comunicação, para avaliar a qualidade das imagens recolhidas do fundo ocular dos pacientes, detetar as imagens normais e atribuir um grau de severidade à patologia, auxiliando assim o trabalho no processo de decisão.

De acordo com Aurélio Campinho, é exigido um «elevado esforço» aos oftalmologistas na análise das diversas imagens de cada paciente, visto que «muitas não apresentam sinais de qualquer patologia (cerca de 75%) e outras não têm uma visibilidade adequada, o que não permite avaliar (cerca de 5% do total)».

«A diabetes é uma doença com um crescimento galopante a nível mundial e uma das suas complicações mais comuns é a retinopatia diabética (RD)», referiu o professor, acrescentando que «apesar de se estimar que cerca de 50% dos diabéticos tipo 2 e de 70% tipo 1» venham a desenvolver a doença, «esta pode ser evitada com tratamento precoce, se diagnosticada numa fase inicial».

De acordo com o investigador, existem programas de rastreio de RD, como o desenvolvido pela Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte), que abrange uma população diabética de cerca de 250 mil diabéticos, mas que envolve, no entanto, uma «logística complexa».

Esta plataforma, que se prevê concluída em 2020, está a ser desenvolvida para o rastreio de retinopatia diabética, no entanto, segundo Aurélio Campinho, o conceito pode ser alargado para outras situações de rastreio, como o do cancro pulmonar ou do colorretal.

O projeto “Plataforma de Análise de Imagem e Aprendizagem Computacional para a Inovação do Rastreio de Retinopatia Diabética” é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), no âmbito do programa Carnegie Mellon Portugal.

Para além do INESC TEC, participam neste projeto a Carnegie Mellon University, dos Estados Unidos, a Universidade de Aveiro, a ARS-Norte e a empresa BMD Software, com a colaboração do Centro Hospitalar de São João e da First Medical Solutions.

Este trabalho deu origem a um artigo, que vai ser publicado na revista “IPSJ Transactions on Computer Vision and Aplications”, dedicada a destacar projetos de investigação, nomeadamente na área da visão computacional e as suas aplicações.