Porto: Motor de busca permite aos médicos poupar tempo nos diagnósticos
26 de abril de 2018 Uma ‘startup’ portuguesa de saúde digital desenvolveu um motor de busca que permite aos médicos aceder a informação sobre dados e normas de orientação clínica e poupar tempo no diagnóstico, tratamento e referenciação de doentes. O motor de busca Tonic Search, criado pela ‘startup’ (empresa de base tecnológica em fase de desenvolvimento) Tonic App, do Porto, foi «desenvolvido por médicos para médicos», disse à agência “Lusa” a diretora executiva do projeto, Daniela Seixas. Através desta ferramenta, esses profissionais de saúde podem «poupar muito tempo no seu dia-a-dia, evitando pesquisar recursos dispersos em dezenas de páginas na Internet, ou que existem apenas em formato de ficheiros, com milhares de entradas», indicou a médica. Daniela Seixas explicou que, para utilizar esta ferramenta, basta que o médico insira o tema pretendido no motor de pesquisa, podendo escolher o recurso que necessita para resolver o problema do doente que tem à sua frente. Segundo o diretor técnico da Tonic App, Luís Sarmento, motores de pesquisa generalistas, como o Google, estão calibrados para retornar resultados para o público em geral. Devido a isso, «a pesquisa por termos médicos traz, maioritariamente, resultados para um público não profissional, obrigando o utilizador médico a perder tempo a filtrar resultados pouco relevantes e a pensar em pesquisas alternativas», afirmou. O Tonic Search, continuou o especialista em inteligência artificial, está, desde a sua conceção, «totalmente focado em informação especializada para médicos, pelo que os resultados retornados são imediatamente mais relevantes». De acordo com Daniela Seixas, essa informação especializada é selecionada por uma equipa composta por médicos editores, possibilitando que, assim, todos os artigos apresentados aos profissionais de saúde estejam «devidamente validados». Este projeto, explicou a diretora executiva, surgiu no seguimento de uma aplicação para ‘smartphones’ lançada pela empresa em março de 2017, exclusiva para médicos, que concentra ferramentas de suporte à decisão e que tem vindo a ser aperfeiçoada nos últimos meses. A responsável contou que a aplicação móvel é já utilizada por mais de metade (53%) dos jovens médicos portugueses (menos de 34 anos) de especialidades como Medicina Geral e Familiar, Medicina Interna e Pediatria. O motor de busca Tonic Search vai «permitir aos médicos utilizar as melhores funcionalidades da aplicação, agora em qualquer computador, em casa ou no trabalho, através do nosso ‘website’», acrescentou. O próximo passo, indicou, passa por desenvolver algoritmos de inteligência artificial, que permitam aos médicos ver apenas os recursos associados à sua especialidade. A ‘startup’ Tonic App recebeu, em 2016, um investimento da Portugal Ventures, tendo sido selecionada como uma das 50 empresas finalistas do 2018 TiE50, um prémio associado à conferência de empreendedorismo tecnológico TiE Inflect, que decorre em Sillicon Valley, na Califórnia (Estados Unidos da América). A empresa venceu ainda, em 2017, o programa bootcamp Techcare, organizado pelas empresas Novartis, Deloitte Digital e Beta-i, e está a preparar a internacionalização para outro mercado europeu, contando conseguir, ainda este ano, investimento estrangeiro para tal. «Com a entrada em vigor da nova lei de proteção de dados, o que fará com que algumas barreiras legais caiam na União Europeia, visto que os países vão passar a reger-se pelo mesmo regulamento, vamos ter uma oportunidade de alargar para outro mercado europeu, ainda este ano», contou a Daniela Seixas. O novo Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), que entra em vigor a 28 de maio e que resulta da implementação de um regulamento europeu, criado em maio de 2016, obriga a que as instituições e as empresas tomem medidas no que se refere à proteção da privacidade dos cidadãos. |