Portugal deve garantir que doentes acedem a fármacos mais eficazes para hepatite C 637

Portugal deve garantir que doentes acedem a fármacos mais eficazes para hepatite C
13-Maio-2014

Portugal deve adotar novos modelos de financiamento e negociação que garantam o acesso dos doentes com hepatite C aos medicamentos mais eficazes para uma doença que custa anualmente 70 milhões de euros, defende um grupo de peritos.

«O novo grupo de fármacos permite a cura definitiva em mais de 90% dos doentes tratados», lembra o Consenso Estratégico para a Gestão da Hepatite C em Portugal, que hoje é apresentado em Lisboa.

De acordo com os 30 peritos que trabalharam nas recomendações, «o elevado custo associado» aos novos medicamentos «exige novos modelos de financiamento, e consequentemente de negociação, que garantam o acesso à inovação, de acordo com critérios de prioridade clínica e justiça social».

O documento recomenda também a criação de uma rede de gestão e referenciação, que deve respeitar a experiência dos centros já existentes e a distribuição epidemiológica da doença.

«Deve estar acautelada a liberdade do doente poder escolher o centro de referenciação onde quer fazer o tratamento, dado o caráter fortemente estigmatizante da hepatite C», referem os especialistas, citados pela “Lusa”.

O documento constata que as normas de orientação clínica elaboradas em Portugal há cerca de dois anos já estão cientificamente ultrapassadas e considera que há «um enorme hiato» entre a preparação atual dos profissionais de saúde acerca da hepatite C e o estado do desenvolvimento da ciência e da prática clínica.

Os peritos aconselham ainda que a hepatite C passe a ser uma doença de notificação e registo obrigatório, o que pode permitir que os doentes tenham acesso aos melhores cuidados terapêuticos.

Este sistema de registo deve possibilitar que se identifiquem os doentes que precisam de tratamento e deve permitir a monitorização da assistência que é dada.

Segundo o Consenso Estratégico para a Gestão da Hepatite C, em Portugal calcula-se que a prevalência da doença seja de 1 a 1,5% da população. Entre 900 a 1.200 pessoas morrem por complicações decorrentes da doença, nomeadamente de cirrose.

O trabalho que é hoje apresentado em Lisboa foi coordenado pelo médico e deputado social-democrata Ricardo Baptista Leite, pelos hepatologistas Rui Tato Marinho e Paula Peixe e por Henrique Lopes, do Centro de Estudos da Universidade Católica Portuguesa.