Em Portugal assiste-se a uma evolução positiva na farmacovigilância, possibilitada pelas novas tecnologias e esforço nas notificações de reações adversas, confirma a investigadora Maria Filomena Botelho, da Universidade de Coimbra.
«Tem existido um esforço bastante grande a apelar à notificação [das reações adversas dos medicamentos], não só em campanhas de sensibilização, mas também à utilização de novas tecnologias, nomeadamente as aplicações para smartphones que facilitam o papel ao médico e uma plataforma lançada pelo INFARMED», notou a investigadora à Agência “Lusa”.
Num balanço introdutório ao projeto que termina em junho, a investigadora portuguesa disse que existe «uma evolução e que, tanto em Portugal como em Espanha ou França, tem havido uma tentativa e um esforço bastante grande» na notificação das reações adversas dos medicamentos. Segundo a especialista, «é necessário conhecer efetivamente o que é que o medicamento é capaz de fazer para existir segurança na sua utilização, tendo sempre em vista a melhoria da qualidade de vida do doente e o seu tratamento com a maior segurança e eficácia».
Os avanços da farmacovigilância vão ser discutidos esta quinta e sexta-feira em Coimbra, numa conferência que junta pela primeira vez, cerca de 200 especialistas portugueses, espanhóis e franceses, no âmbito de um projeto abrangendo os três países. A conferência realiza-se no Convento São Francisco, no âmbito do projeto europeu Onconet Sudoe, iniciado em julho de 2017 com o intuito de criar uma rede europeia de cooperação entre centros de investigação, universidades, instituições de saúde e empresas que atuam na área da oncologia.
«Este é um encontro que colocará em destaque os processos de farmacovigilância, dando a conhecer grande parte das atividades realizadas em todo o ciclo de vida dos medicamentos usados em Oncologia», explicou Maria Filomena Botelho, coordenadora do projeto em Portugal.
A conferência irá debater a investigação e desenvolvimento de fármacos, a prática clínica pós-comercialização, os contornos legais, regulatórios e éticos, o controlo da segurança dos medicamentos e ainda o impacto clínico, social e económico das reações adversas a medicamentos. Como a pesquisadora refere à fonte, o projeto que está a ser desenvolvido pretende «perceber quais são as boas práticas que podem ser partilhadas entre os três países, de forma que isto se possa refletir em melhores cuidados de saúde ao doente oncológico», na área da farmacovigilância.
O foco do projeto, segundo Maria Filomena Botelho, é «tentar perceber até que ponto são usadas novas tecnologias para melhorar todo o processo de notificação das reações adversas aos medicamentos, quais são as boas práticas que se devem partilhar e até que ponto ao longo do tempo tem havido uma melhoria».