Começou esta quinta-feira a 3.ª edição da Medical Cannabis Europe Conference. A iniciativa, promovida pelo LEF e pela consultora Stepwise, acontece durante dois dias na sede da Associação Nacional das Farmácias (ANF) e conta com mais de 30 oradores que debatem o uso da canábis para fins medicinais em Portugal e na Europa.
“Portugal está a tornar-se num dos principais hubs de cultivo de canábis na Europa”. A frase foi proferida por Hermano Rodrigues, diretor da consultora EY-Parthenon, durante a conferência inaugural do dia: “What’s New: Cannabis market in Europe and Portugal – past, present and future”. Segundo o especialista, o país apresenta um conjunto de cinco características que o tornam numa escolha de negócio competitiva a ter em atenção.
Com uma “posição geoestratégica, níveis de segurança elevados e boas infraestruturas”, Portugal apresenta um “clima favorável, exposição solar e extensas áreas agrícolas”. Os procedimentos regulatórios são “pioneiros, favoráveis e estáveis” e os recursos humanos “altamente qualificados”, contando ainda com “entidades de apoio, consultores especializados e clusters complementares”, o que representa um confortável apoio às entidades.
Alemanha (42%), Espanha (33%) e Israel (17%) foram os principais mercados de exportação em 2022, cada vez mais necessários, tendo em conta o tamanho do mercado interno. Contudo, o desenvolvimento deste setor tem recebido atenção considerável, em particular do Governo, através do Portugal 2020, que investiu num projeto de research and development (R&D), três de investigação científica e nove na área da produção de inovação.
O Infarmed é a entidade responsável por todo o processo de licenciamento de canábis medicinal no país. Neste momento, existem 23 empresas em Portugal com licença de cultivo, 30 com licença de importação, 33 com licença de exportação, 14 com licença de produção e 15 com licença de comercialização.
Países Baixos e Alemanha são exemplos
No que toca ao estado da arte no velho continente, os Países Baixos e a Alemanha são os países mais avançados no processo regulatório da canábis medicinal. Na verdade, esta faz parte dos respetivos territórios desde 2003 e 2017, sendo que ambos os países já deram passos consideráveis no uso recreativo da canábis, apesar de este ainda não se encontrar legalizado.
Na Europa, o gasto com produtos à base de canábis duplicou de 2018 para 2020. No entanto, o mercado europeu, o principal destino de exportação, representa apenas 8% do expediente mundial, num mercado dominado totalmente pelos Estados Unidos (73%). Esperam-se 2.636 milhões de euros em vendas de canábis medicinal na Europa em 2025, o que mostra que a hegemonia americana pode sofrer ligeiramente com a concorrência deste continente que em apenas um ano (2020-2021) aumentou em 75% a venda destes produtos.
A 2.ª edição da Medical Cannabis Europe Conference conta com a parceria mediática do Netfarma e da revista MARKETING FARMACÊUTICO, onde a temática será aprofundada na próxima edição impressa.