Portugal lidera no consumo de psicofármacos 1045

O relatório anual do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) alerta para o fato de que os médicos estão a receitar demasiados medicamentos para a saúde mental, com Portugal a surgir em terceiro lugar na lista dos países desenvolvidos da OCDE.

“Ao associar estes dados à ampla prescrição de antidepressores e ansiolíticos, às elevadas taxas de polimedicação e à prescrição de medicamentos potencialmente inapropriados, principalmente na população idosa, verifica-se um problema grave em termos de adequação da terapêutica prescrita aos doentes com doença mental”, indica o relatório.

Nos ansiolíticos, o volume de vendas coloca Portugal em primeiro lugar, já nos hipnóticos e sedativos o país surge na sétima posição, mesmo assim acima da média.

O relatório mostra elevados níveis de prescrição de sedativos, hipnóticos e ansiolíticos, especialmente em idosos que também recebem demasiadas vezes medicamentos “para distúrbios de ansiedade e de sono, embora sejam bem documentados os riscos de reações adversas, nomeadamente confusão, fadiga e vertigens”, num “risco adicional de quedas, acidentes e overdose, bem como de casos de tolerabilidade e dependência, pseudo-demência e diminuição cognitiva”.

“Portugal é não só o segundo país com mais idosos a tomar benzodiazepinas, sendo esta classe farmacoterapêutica prescrita a 139 idosos em cada 1000, mas também mais de 60% destes idosos tomam benzodiazepinas de ação prolongada”, refere o documento.

O relatório sublinha ainda que os “estudos apontam ainda que 59,2% dos idosos se encontram polimedicados e 37% tomam medicação potencialmente inapropriada”.