Portugal quer aumentar número de pessoas vacinadas para garantir imunidade 23 de Outubro de 2015 A subdiretora Geral da Saúde disse ontem que as autoridades de saúde pretendem aumentar o número de pessoas vacinadas para garantir a imunidade individual e de grupo, alertando para o risco de serem contraídas doenças com a falta de vacinação.
«O próximo objetivo é tentarmos contrariar a tendência da não vacinação e que as pessoas percebam que se interrompermos o processo corremos o risco de contrairmos as doenças», disse à agência “Lusa” a subdiretora Geral da Saúde, Graça Freitas, à margem do 16.º Congresso Nacional de Pediatria, a decorrer em Albufeira, no Algarve.
De acordo com Graça Freitas, em Portugal «ainda não existem grupos organizados antivacinação, nem grandes grupos populacionais a recusarem a vacinação, mas algumas pessoas que não se querem vacinar».
«É essa tendência que queremos reverter para que o número de pessoas que adere à vacinação continue a ser suficientemente elevado para mantermos a imunidade individual e de grupo», sublinhou a subdiretora Geral da Saúde, acrescentando que «a sensibilização da população passa por uma forte aposta na comunicação, quer através das redes sociais quer nas formas clássicas».
«As redes sociais e as formas clássicas de comunicar têm um papel importante como intermediários entre os profissionais de saúde e o público», destacou.
Graça Freitas frisou que «não há qualquer risco» de as pessoas contraírem doenças com a vacinação, sendo uma forma de manter aquilo que se chama imunidade de grupo: «basta que os vírus ou as bactérias não circulem para que se beneficie dessa imunidade».
A subdiretora Geral da Saúde disse ainda que, apesar de Portugal não ter tido até agora consequências da não vacinação e de continuar a ter as doenças eliminadas e controladas, é preciso manter a atenção constante.
«Temos de estar muito atentos. Estamos inseridos num mundo onde há mudanças sociais muito rápidas, as novas formas de comunicar influenciam rapidamente a opinião pública. Há muitos mal entendidos acerca da vacinação. É preciso lembrar que o sucesso da vacinação levou a que 12 doenças praticamente desaparecessem», frisou.
Na opinião de Graça Freitas, «hoje em dia existe uma inversão da perceção do risco, até mesmo por parte da classe médica, porque quase nenhum dos médicos mais novos faz o diagnóstico de sarampo».
«As pessoas deixam de ter medo das doenças, porque elas não existem de facto, e têm o medo hipotético de pseudo reações que as vacinas poderão dar», concluiu.
A subdiretora Geral da Saúde participou esta manhã num painel sobre vacinação inserido no 16.º Congresso Nacional de Pediatria, que decorre até sábado no Centro de Congressos do Algarve, na zona dos Salgados, em Albufeira, no distrito de Faro.
Para o coordenador da Comissão de Vacinas – da Sociedade de Infecciologia Pediátrica da Sociedade Portuguesa de Pediatria -, há seis vacinas que não fazem parte do Plano Nacional de Vacinação (PNV), mas que deviam, nomeadamente as que previnem o rotavírus, a meningite B, a varicela, a hepatite A, a tosse convulsa (nos adolescentes) e o vírus do papiloma humano (HPV) em rapazes.
«A decisão deve ser tomada entre os médicos e os pais. Nós consideramos que as vacinas são eficazes e seguras e, numa perspetiva individual, devem ser administradas», adiantou ao “JN” o médico Luís Varandas.
Para Lopes dos Santos, presidente do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos, a vacina contra a meningite B (Neisseria meningitidis serogrupo B) «é interessante», apesar de ser recente, não se saber ainda muito bem durante quanto tempo dará imunidade.
«A doença, felizmente, não é muito frequente. As outras formas de meningite já estão cobertas pelas vacinas existentes. De qualquer forma, havendo disponibilidade económica, é natural que no futuro venha a valer a pena introduzi-la».
Porém, alertou, trata-se de uma vacina «muito reativa», que provoca febre alta e reação local grande, e que «é preciso estar a contar». Em setembro, o “JN” noticiou 70 casos de reações adversas à vacina foram notificados ao INFARMED. Houve ainda a morte de um «doente que tinha já patologia de base que poderá ter influenciado o desfecho», explicou esta entidade. |