Português faz descoberta no combate ao autismo e esquizofrenia 17 de Agosto de 2015 Um cientista português publicou um estudo que identifica um recetor que pode causar doenças como a esquizofrenia e o autismo.
Esta investigação é responsabilidade de um grupo misto de cientistas do Instituto Salk e do Departamento de Psiquiatria da Universidade da Califórnia e foi publicado na “Molecular Psychiatry”, considerada a melhor revista especializada na área da psiquiatria.
A investigação mostra como a perda de um recetor, chamado “mGluR5”, numa classe específica de neurónios inibidores, pode estar relacionado com desordens a nível do desenvolvimento neural.
«Descobrimos que a perda de um recetor de glutamato, um dos principais neurotransmissores no cérebro, numa classe específica de neurónios conduz a perturbações significativas do desenvolvimento do sistema nervosa», explicou à “Lusa” o cientista português António Pinto-Duarte.
Pinto-Duarte diz que «tais defeitos incluíam comportamentos repetitivos e problemas de socialização».
«Esta descoberta permitiu, também, reforçar a ideia de que a configuração da rede neuronal pode ser afetada no período pós-Natal, e não apenas durante a gravidez, confirmando a particular vulnerabilidade e suscetibilidade desse período», acrescentou.
O cientista garante que esta descoberta é relevante porque existe a possibilidade de reverter a estrutura molecular, permitindo explorar a possibilidade de novas terapias.
«É relevante, não apenas por identificar um novo alvo terapêutico, mas também por servir de motivação a estudos futuros que possam conduzir a que esse défice possa ser, eventualmente, compensado através de estratégias farmacológicas ou por terapia genética», garante.
Pinto-Duarte sublinha que serão necessários mais estudos para confirmar de forma contundente a ligação dos recetores, mas que «tal abriria portas a eliminar, ou pelo menos minimizar deficiências comportamentais que muitas vezes afetam de forma significativa a vida dos indivíduos e a sua normal integração na sociedade».
O investigador português é um dos três primeiros autores do estudo, que foi coordenado pelos autores Terrence Sejnowski e Margarita Beherens do Instituto Salk, e Athina Markou, da Universidade da Califórnia de San Diego. |