Portuguesa luta pelo fim das vacinas com alumínio em França 478

Portuguesa luta pelo fim das vacinas com alumínio em França

29 de Junho de 2015

A portuguesa Suzette Fernandes, vice-presidente da associação dos doentes com miofascite macrofágica (E.3M.), luta há vários anos pelo abandono de vacinas com alumínio em França e quer criar uma associação similar em Portugal.

 

A “luta” é comparada a “um combate de David contra Golias”, depois de Suzette ter descoberto, em 1999, que sofria de miofascite macrofágica, uma doença muscular rara, associada ao hidróxido de alumínio utilizado como adjuvante em certas vacinas.

 

«Temos andado a lutar para que os laboratórios abandonem o hidróxido de alumínio nas vacinas», explicou a portuguesa à “Lusa”, defendendo o uso de uma vacina sem alumínio, à base de «fosfato de cálcio que não danifique o sistema imunitário», como a DT Polio Mérieux retirada do mercado francês em 2008.

 

Nesse ano, a comercialização da vacina DT Polio Mérieux foi suspensa pela farmacêutica Sanofi Pasteur MSD por alegado «aumento de efeitos indesejáveis não graves», mas Suzette Fernandes avançou que uma investigação da sua associação desmentiu essas conclusões, levando, em janeiro do ano passado, à apresentação de uma queixa-crime contra a farmacêutica por alegada «falsificação de dados». A justiça ainda não se pronunciou.

 

No início do mês de junho, a associação E.3M. apresentou, também, 50 pedidos de indemnização de doentes com miofascite macrofágica junto do Office national d’indemnisation des accidents médicaux (departamento francês de indemnização de acidentes médicos).

 

Em 2012, Suzette e vários membros da E.3M. fizeram uma greve de fome na praça da Bolsa, no centro de Paris, tendo conseguido um financiamento de 150 mil euros para a investigação sobre a toxicidade do alumínio na composição das vacinas.

 

A associação foi criada em 2001 no hospital Henri Mondor de Créteil, nos arredores de Paris, contando atualmente com cerca de 300 membros, ainda que Suzette Fernandes aponte para «entre 1000 a 1500 pessoas com miofascite macrofágica em França».

 

«Trabalhamos em parceria com o Hospital Henri Mondor, com o ministério francês da Saúde, somos recebidos regularmente pelo diretor geral da saúde, somos apoiados por mais de cem deputados e senadores. Trabalhámos para o reconhecimento da doença e agora temos de trabalhar para suprimir o hidróxido de alumínio», continuou.

 

Para Suzette Fernandes, o próximo passo é criar uma associação similar em Portugal «que possa beneficiar do trabalho já feito» pela associação francesa e para permitir que os doentes em Portugal acedam ao mesmo tratamento que em França.

 

«O objetivo é dar a conhecer a doença. Portugal é o país mais vacinador da Europa. Há muitos doentes de fibromialgia que poderão ter miofascite macrofágica e que o ignoram porque os médicos não andam a fazer o diagnóstico por não conhecerem a doença. A doença é calada e ninguém fala do problema do alumínio nas vacinas», continuou.

 

A miofascite macrofágica, que é rara, caracteriza-se por cansaço crónico, dores musculares e articulares e dificuldades neurocognitivas, afectando sobretudo a memória e a audição.