Portuguesa recebe em Paris prémio europeu do jovem investigador 19 de Janeiro de 2015 A investigadora portuguesa Rita Guerreiro, da University College London, em Londres, no Reino Unido, vai receber o “Prix Européen Jeune Chercheur”(Prémio Europeu do Jovem Investigador), hoje, numa gala na sala Olympia em Paris. A cientista foi selecionada pelo trabalho sobre as mutações do gene TREM2, indicado como possível fator de risco da doença de Alzheimer e de outras doenças degenerativas como a Demência Frontotemporal. A votação foi feita por um comité científico europeu e o prémio é atribuído pela “Association pour la Recherche sur Alzheimer” (Associação para a Investigação sobre Alzheimer), criada em 2004, em França, e dedicada à pesquisa sobre a doença. «Isto é um prémio que vem reconhecer o trabalho que temos desenvolvido nestes últimos tempos e é também uma motivação muito grande para o futuro. É um prémio que foi atribuído, por votação, por outros investigadores e, portanto, é um reconhecimento pela comunidade científica internacional», disse à “Lusa” Rita Guerreiro. A investigadora fez questão de sublinhar que «é um prémio que reflete todo o trabalho de uma equipa» nos últimos dez anos, em referência ao laboratório Guerreiro-Bras, chefiado por ela e pelo marido José Miguel Brás e que faz parte do Departamento de Neurociência Molecular do Instituto de Neurologia da University College London. «É muito gratificante vermos que uma descoberta que nós fizemos – que não está tão diretamente associada com o doente mas que claramente levou a um melhor conhecimento da doença – está neste momento a fazer com que haja investigação mais aplicada, principalmente em termos de fármacos que se estão a basear nestas descobertas», continuou a investigadora. O prémio é de dez mil euros, um montante que pretende «apoiar e encorajar um jovem investigador que tenha projetos de investigação prometedores», de acordo com a página da internet da associação. «É sempre dinheiro essencial para conseguirmos manter o laboratório a funcionar e vai ser essencial para conseguirmos continuar os estudos que temos estado a desenvolver», explicou a investigadora de 34 anos, acrescentando que o laboratório continua a «estudar famílias com doenças raras». Rita Guerreiro saiu de Portugal em 2006 e não pensa regressar porque «na mesma área será muito difícil», ainda que gostasse «muito». «Os apoios à ciência são cada vez menores e para fazer trabalhos deste género é necessário um investimento muito grande, os projetos são muito caros, manter um laboratório custa muito dinheiro – especialmente na área da genética – e é necessário estar ligado a grupos e a instituições com uma grande capacidade financeira. Eu diria que seria quase impossível fazer o mesmo tipo de trabalho em Portugal», concluiu. |