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Portugueses acreditam que tratamentos para o cancro poderão ser testados em peixes-zebra

 


22 de agosto de 2017

Uma equipa de cientistas portugueses usou larvas de peixe-zebra para testar a reação aos medicamentos utilizados para tratar tumores humanos e concluiu que um dia estas poderão vir a ser usadas para escolher de uma forma rápida e eficaz o tratamento mais adequado para cada doente.

«Mostrámos pela primeira vez que o peixe-zebra e o ratinho respondem da mesma maneira aos tratamentos: com os mesmos fármacos obtemos os mesmos efeitos no ratinho e nas larvas de peixe-zebra», explicou, em comunicado, Miguel Godinho Ferreira, um dos líderes da investigação desenvolvida no Centro Champalimaud, em Lisboa.

No entanto, no caso dos ratinhos, o processo é mais demorado, visto que o tumor leva meses a crescer, podendo não haver respostas em tempo útil. Com as larvas, se demonstrarem serem um bom modelo para estes testes, poderá ser possível determinar qual a melhor quimioterapia em menos de duas semanas, de acordo com os investigadores.

Na última fase da investigação, os cientistas transplantaram para os peixes massas tumorais de cinco doentes com cancro colorretal e verificaram que as reações dos animais aos tratamentos escolhidos coincidiram com as reações dos doentes.

A fase seguinte será estender esta experiência a centenas de doentes, para confirmar se os peixes-zebra poderão realmente ser utilizados para confirmar a eficácia dos tratamentos, o que poderá demorar cerca de dois anos.

«O nosso sonho é desenvolver um “antibiograma” para o cancro. Tal como é corrente nos dias de hoje para as infeções bacterianas, nós antevemos obter uma espécie de matriz da eficácia dos vários fármacos para cada doentes, que permita aos médicos escolher a terapia mais indicada a cada pessoa», concluiu Miguel Godinho Ferreira.