A Nova SBE, a Universidade de Hamburgo, o Rotterdam Erasmus University e a Bocconi University, divulgaram a 3ª vaga do estudo realizado com o objetivo de avaliar as atitudes, preocupações e confiança da população europeia em relação à covid-19.
A investigação envolveu a Alemanha, Dinamarca, França, Holanda, Itália, Portugal e Reino Unido, e abrangeu mais de 7000 indivíduos em cada vaga, representativos da população, tendo em conta a região, idade, género e educação. A primeira vaga de trabalho de campo foi realizada entre 2 e 15 de abril de 2020, a segunda entre 9 e 22 de junho de 2020 e a terceira entre 8 e 18 de setembro.
Este estudo mostra um decréscimo da intenção dos portugueses em serem vacinados contra o novo coronavírus, quando a vacina ficar disponível.
Em junho, altura em que se divulgaram os resultados da 2ª vaga, os 75% dos inquiridos estavam dispostos a serem vacinados, nesta 3ª vaga. Contudo, em outubro, esse número desceu para 63%, caindo 12 pontos percentuais.
Já a percentagem de pessoas que não pretende vacinar-se aumentou 5% e a dos hesitantes 7%, situando-se agora nos 25%.
Esta redução da vontade em se ser vacinado é evidente em todas as regiões e todas as idades, com exceção para os com mais de 65 anos. Os homens são os que se mostram mais dispostos a vacinarem-se, com 70%.
A predisposição para a vacina aumenta em função da adesão às medidas de proteção: quem está menos predisposto a vacinar-se contra a covid-19 também tem uma menor adesão às medidas de proteção. Esta tendência também aumenta em função da confiança existente ou não no governo, entidades de saúde e OMS.
Outro dos dados retirados deste estudo, é a perceção de confiança na vacina contra a covid-19. A confiança diminui desde junho em todas as categorias de idade, regiões (exceto Açores), sexos e níveis de educação, com 54% dos portugueses completamente confiantes de que a vacina contra a covid-19 será segura em comparação com os 70% da segunda vaga do estudo, uma queda de 16 pontos percentuais. São os homens que mais confiam na segurança da vacina (60%), que também é mais alta em indivíduos com alto nível de escolaridade (57%).
No que concerne à adesão a medidas de proteção em Portugal, regista-se uma ligeira diminuição no distanciamento social de 1 metro (especialmente entre os menores de 25 anos) e no evitar de abraços, beijos e apertos de mão.
Aqui, são as mulheres as que registam maior nível de adesão às medidas, assim como são as pessoas com maior nível de escolaridade que mais tendem a seguir as recomendações (exceto no que se refere à medida de distanciamento social).
Quanto maior a perceção de risco em contrair o vírus ou quanto às suas consequências para a saúde, maior adesão às medidas de proteção. Os mais jovens são os que se encontram menos dispostos a usar máscaras. Por outro lado as pessoas com maior nível de escolaridade estão mais dispostas e propensas a usar máscara em lugares públicos.
Questionados sobre o acesso aos cuidados de saúde, mais de metade dos inquiridos tiveram as suas consultas ao médico ou dentista atrasadas ou adiadas devido à situação pandémica e um em cada três português viu as suas consultas hospitalares ou de especialidade adiadas ou desmarcadas. Esta situação verificou-se mais nos inquiridos com mais de 45 anos de idade.
Verificou-se ainda que Portugal continua a ser o país onde existe uma maior preocupação com o impacto da pandemia na saúde, apesar da ligeira diminuição na confiança nas informações das notícias nacionais e veiculadas pelo governo.