A bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, durante a Sessão Solene das comemorações do Dia Nacional do Farmacêutico, que ocorreu em Évora, alertou para o fato que ainda há portugueses sem acesso a medicamentos de dispensa exclusiva hospitalar, devido à dificuldade de os ir buscar ao hospital, defendendo que é preciso encontrar uma solução que “não crie desigualdades”.
“Não será assim para todos os portugueses e não será assim em todos os hospitais, mas basta que seja para alguns para justificar olhar de frente para o problema”, afirmou Ana Paula Martins.
A bastonária realçou que já passaram 20 anos desde que uma comissão no Ministério da Saúde estudou a possibilidade de reclassificar alguns medicamentos que que são de dispensa exclusiva em hospitais.
“Ao Estado não cabe legislar para beneficiar farmácias ou farmacêuticos”, mas sim encontrar “uma solução que não crie desigualdades”, afirmou.
A falta de medicamentos nas farmácias foi outro dos assuntos abordados pela bastonária, que defendeu que este é “um problema complexo”, que está a acontecer por toda a Europa. Adiantando que “bem que podemos crucificar o Infarmed, que não vamos encontrar assim as soluções”.
Para a bastonária, quem produz tem de colocar a quantidade necessária de medicamentos no mercado, quem distribui tem de cumprir a sua missão de abastecer as farmácias e quem governa tem de encarar que parte deste problema está relacionado com questões de sobrevivência.
Sobre o acesso a medicamentos inovadores para o cancro, Ana Paula Martins afirmou “não há soluções mágicas”, mas a decisão “deve ser, política, numa total e absoluta separação entre quem avalia, quem recomenda e quem decide”.
Outro dos assuntos referidos foi a aprovação da carreira farmacêutica no Serviço Nacional de Saúde ao fim de 20 anos pelo atual Governo. Mas mesmo assim, a bastonária lamentou que “quatro anos não tenham sido suficientes para legislar a sua principal razão de ser: a formação especializada no SNS”.