Os Serviços de Urgência (SU) em Portugal, estão á beira do colapso, não por não existir uma especialidade de urgência como tem sido defendido por alguns, mas devido à sua enorme afluência, criando sobrelotação e Serviços de Urgência disfuncionais.
A causa para este fenómeno é multifatorial. O fator que mais afeta a sobrelotação localiza-se principalmente a montante (na quantidade e no tipo de cuidados que chegam aos SU), de seguida a jusante (disponibilidade e gestão de camas no internamento) e menos frequentemente no circuito do doente dentro do Serviço de Urgência.
A gestão do acesso e dos percursos nos cuidados da doença aguda é um problema já identificado há muito em Portugal, e inclusive denunciado em artigos de opinião, pelo Núcleo de Estudos de Urgência e do Doente Agudo (NEUrgMI), pela SPMI e pelo Colégio da Especialidade de Medicina Interna, que recentemente se juntou ao Colégio de Medicina Geral e Familiar e delinearam soluções para a gestão do acesso e dos percursos nos cuidados em doença aguda ou agudizada em Portugal, as quais passam pela reestruturação dos serviços de saúde (Hospitais e Cuidados de Saúde Primários) que permitam alternativas válidas ao recurso indiscriminado às urgências – “Contributos para a melhoria na acessibilidade aos serviços de urgência”.
Este contributo, dá-nos uma visão de futuro para os serviços de urgência em Portugal, visão integradora, centrada na otimização da gestão e natural redução da procura de cuidados no SU e não na hipertrofia dos SU.
É nesta visão que nós NEUrgMI e a maioria dos Internistas se revêm.
Maria da Luz Brazão – Coordenadora do Núcleo de Estudos de Urgência e do Doente Agudo