Preço dos fármacos é a principal barreira no acesso a cuidados de saúde 01 de Outubro de 2015 O preço dos medicamentos é a principal barreira no acesso a cuidados de saúde e o número de pessoas que recorreram a hospitais privados e a farmacêuticos mais do que duplicou, desde 2013.
Estas são algumas das conclusões de um estudo encomendado pelo ministro da Saúde à Nova School of Business and Economics. O trabalho apresentado ontem traça, em geral, uma avaliação bastante positiva da legislatura de Paulo Macedo, defendendo que nos últimos anos foram reduzidas as assimetrias nacionais no acesso à saúde, noticiou o “Público”.
O coordenador do estudo, Pedro Pita Barros, salientou que o preço dos medicamentos chegou a impedir um quarto das pessoas com menos rendimentos de aviarem a totalidade das receitas e que o hábito de pedir a troca de um medicamento de marca por um genérico é mais frequente nos rendimentos mais elevados. Quanto ao acesso a serviços de saúde, o estudo demonstrou que subiu de 2% para 5% o peso das pessoas que foram a uma urgência num hospital privado e que houve 5% de pessoas a optarem por consultar um farmacêutico, quando há dois anos eram menos de 0,4%.
Pita Barros frisou a independência do relatório, com base em indicadores quantitativos, mas admitiu que «pode ter múltiplas leituras no momento em que cai». Nas principais conclusões, o especialista sublinhou que o objetivo de dar a cada português um médico de família falhou, mas adiantou que a forma como foi feito o reforço a nível nacional «atenuou as desigualdades sociais». No trabalho, a equipa cruzou as zonas com mais pessoas sem médico de família com o poder de compra nessa mesma região e encontrou uma «redução destas assimetrias de natureza geográfica. Isto é, a existência de utentes sem médico de família tem, nos dias de hoje, menor diferença de incidência geográfica face ao que sucedia em 2011».
Um inquérito feito para o estudo permitiu perceber que quase 48% dos participantes se sentiram doentes pelo menos uma vez entre junho de 2014 e maio de 2014. Destes, quase 15% não procuraram os serviços de saúde. Entre os que procuraram, houve menos pessoas a recorrerem às consultas de urgência nos centros de saúde e também menos nos hospitais públicos.
Dos 15% que não foram a nenhum serviço, quase 70% automedicaram-se. Questionados sobre a razão de não terem procurado profissionais de saúde, 91,5% das pessoas disseram que o caso não era grave, quando em 2013 eram 82,7%. Só 2% das pessoas admitiram não ter dinheiro para a taxa moderadora. |