Prémio Champalimaud de Visão distingue instituições Sightsavers e CBM
06 de setembro de 2017 O Prémio António Champalimaud de Visão, de um milhão de euros, foi atribuído este ano às instituições internacionais Sightsavers e CBM, pelo seu trabalho contra a cegueira e doenças oculares em países mais pobres, anunciou a organização. A Sightsavers, instituição de caridade britânica que trabalha na prevenção da cegueira e na inserção social de cegos, foi distinguida pelo seu programa de tratamento do tracoma, uma doença inflamatória crónica causada por uma bactéria que afeta pálpebras e córnea e cuja disseminação está associada à falta de cuidados de higiene. O projeto decorre em 29 países de África, América Latina e Caraíbas, onde a taxa de prevalência é maior. Moçambique tem membros da instituição no terreno, em particular na região norte, onde há mais casos de tracoma. Para o diretor da Sightsavers em Moçambique, Izidine Hassane, o prémio «vem dar um novo fôlego» ao trabalho em curso. «Significa bastante para nós. Sentimo-nos honrados por uma distinção da Fundação Champalimaud», afirmou à “Lusa”. Em colaboração com governos, unidades e profissionais de saúde dos países, a instituição encetou uma campanha de tratamento do tracoma e de prevenção da cegueira. Conforme a gravidade dos casos, são administrados antibióticos (oferecidos por farmacêuticas) ou é feita uma cirurgia corretiva aos doentes. O trabalho da Sightsavers não se esgota, porém, na terapêutica. Izidine Hassane esclareceu que o programa inclui intervenção nas comunidades em termos de «mudança de comportamentos», como ensinar a lavar bem a cara e a manter as casas e os quintais limpos. Com os governos, a organização procura promover o saneamento básico e a água canalizada onde faltam. Além disso, dá formação a técnicos para que possam identificar melhor as situações, contribuindo, nas palavras de Izidine Hassane, para «o fortalecimento do sistema nacional de saúde» dos países. A avaliação, em Moçambique, da diminuição ou não da prevalência de tracoma, doença que não escolhe idades, será feita no final de 2017 ou em 2018, adiantou. A Organização Mundial de Saúde definiu como meta a erradicação em 2020 do tracoma, uma das doenças tropicais negligenciadas. A CBM é uma instituição cristã para o desenvolvimento que tem trabalhado na prevenção da cegueira e na promoção da qualidade de vida de deficientes nos países mais pobres. Lançado pela Fundação Champalimaud em 2006, o Prémio António Champalimaud de Visão é considerado o maior do mundo na área. Em anos alternados, reconhece a investigação científica sobre doenças dos olhos e o trabalho de instituições na luta contra a cegueira, sobretudo em países subdesenvolvidos. As duas instituições premiadas vão receber, cada uma, 500 mil euros. |