O Comité do Nobel no Instituto Karolinska, em Estocolmo, na Suécia, anunciou que o Prémio Nobel da Medicina 2019 foi atribuído aos investigadores William G. Kaelin Jr., Sir Peter J. Ratcliffe e Gregg L. Semenza pelas suas descobertas de como as células reagem e se adaptam à disponibilidade de oxigénio. O prémio tem um valor de nove milhões de coroas suecas (cerca de 871 mil euros).
Os três cientistas conseguiram com o seu trabalho “identificar a maquinaria molecular que regula a atividade dos genes na resposta às variações de oxigénio”.
“A importância fundamental do oxigénio é conhecida há séculos, mas o processo de adaptação das células às variações dos níveis de oxigénio era um mistério”, indicou o Comité do Nobel.
O trabalho destes investigadores estabeleceu a base para entender como os níveis de oxigénio afetam o metabolismo celular e a função fisiológica, o que “abre caminho para o desenvolvimento de novas estratégias para combater a anemia, o cancro e muitas outras doenças”, indica o Comité em comunicado.
William Kaelin, nasceu em 1957, em Nova Iorque, é especialista em medicina interna e oncologia. No Instituto do Cancro Dana-Farber, nos Estados Unidos, investigou a doença de von Hippel-Lindau (VHL), uma doença genética que leva a um elevado risco de certos cancros em famílias com mutações no gene VHL. Mostrou que as células cancerígenas que carecem de um gene VHL funcional expressam níveis invulgarmente elevados de genes regulados pela hipoxia. Contudo, quando o gene VHL era reintroduzido em células cancerígenas, os níveis voltavam ao normal.
O seu compatriota Gregg Semenza, igualmente nascido em Nova Iorque, em 1955, é pediatra. Na Universidade de Johns Hopkins, nos Estados Unidos, estudou o gene da hormona eritropoetina (EPO) e como este é regulado pela variação dos níveis de oxigénio. Além disso, ao usar ratinhos geneticamente modificados, observou em segmentos de ADN específicos próximos do gene da EPO a resposta à hipoxia (baixos níveis de oxigénio).
O britânico Peter Ratcliffe nasceu em Lacashirem, em 1954, e é perito em nefrologia. É director de investigação clínica do Instituto Francis Crick, em Londres, e investigou a regulação dependente do oxigénio ao gene da EPO.
Estes últimos dois cientistas descobriram que o mecanismo de detecção de oxigénio estava presente em todos os tecidos, não apenas nas células dos rins, onde a EPO é normalmente produzida.
Em 2018, o Prémio Nobel da Medicina foi atribuído aos investigadores James P. Allison e Tasuku Honjo pelas descobertas relacionadas com o papel do sistema imunitário na luta contra o cancro.
Os prémios Nobel nasceram da vontade do cientista e industrial sueco Alfred Nobel (1833-1896) em legar grande parte de sua fortuna a pessoas que trabalhem por “um mundo melhor”.