Prémio Pulido Valente distingue cientista que estudou proteína em cancros 725

Prémio Pulido Valente distingue cientista que estudou proteína em cancros

03 de Março de 2015

O investigador João Vinagre recebe hoje, em Lisboa, o Prémio Pulido Valente Ciência 2014, por ter identificado que o aumento de uma proteína, a telomerase, é comum em cancros mais agressivos da tiroide, bexiga e do sistema nervoso central.

O galardão, no montante de dez mil euros, é atribuído desde 2013 pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e pela Fundação Professor Francisco Pulido Valente.

O trabalho de João Vinagre, investigador do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, revela que numa região do gene da telomerase existem alterações que se traduzem num aumento da proteína, e que está associado a «tumores mais agressivos e com pior resposta terapêutica», nos casos de cancros da tiroide, bexiga e sistema nervoso central.

A telomerase atua nos telómeros, estruturas que existem na extremidade dos cromossomas.

Segundo o cientista, nas células normais, os telómeros desgastam-se, a cada ronda da divisão celular, e deixam de expressar a sua enzima, «levando a que a célula pare de se dividir quando ficam demasiado curtos», e morra.

Nos cancros da tiroide, da bexiga e do sistema nervoso central mais agressivos, o que acontece é que as células tumorais puderam progredir, dividir-se indefinidamente, porque conseguiram reativar a telomerase, produzi-la excessivamente.

«Os tumores que têm esta alteração vão necessitar de mais tratamentos, tratamentos alternativos», afirmou à “Lusa” João Vinagre, exemplificando que, para o cancro da tiroide, serão necessárias «doses maiores de radioiodoterapia».

Para a investigação, publicada na revista Nature Communications, João Vinagre analisou 741 amostras de cancro da tiroide, bexiga e sistema nervoso central de mulheres e homens de várias idades.

Atualmente, a sua equipa está a estudar séries maiores de tumores, para confirmar o papel da telomerase no desenvolvimento dos cancros e aferir o seu potencial como marcador biológico, no sentido de ser usado para selecionar, por meio de análises ao sangue e à urina, casos maios agressivos de cancro e neles atuar.

O Prémio Pulido Valente Ciência distingue o melhor trabalho publicado no domínio das Ciências Biomédicas e feito por investigadores com menos de 35 anos, em laboratórios portugueses.

A edição de 2014 tinha como tema a “Heterogeneidade em tumores: ao nível do genoma maligno e/ou ao nível celular”.

A distinção é entregue numa cerimónia no Palácio das Laranjeiras, na qual o premiado dará uma palestra sobre o assunto que lhe valeu o galardão, indicou o Ministério da Educação e Ciência.