Prémios Almofariz: “O reconhecimento de projetos disruptivos” 464

Os Prémios Almofariz vão ser entregues pela 30.ª vez este ano, a 24 de outubro, no Casino Estoril. Duas das suas categorias mais prestigiadas são a da Farmácia do Ano e a da Intervenção na Comunidade.

Para se chegar ao vencedor, depois de terminado o prazo para apresentação de cada projeto/farmácia, o júri seleciona os três melhores projetos e as três melhores farmácias, que posteriormente terão de realizar uma apresentação a um júri.

Mas o que privilegia o júri?

O NETFARMA falou com os elementos do júri Carolina Mosca, presidente do Colégio Especialidade de Farmácia Comunitária da Ordem dos Farmacêuticos, Gabriela Plácido, farmacêutica especialista em Farmácia Comunitária, e Henrique Santos, farmacêutico comunitário e diretor técnico da Farmácia do Altinho, para perceber que características a farmácia e o projeto de intervenção na comunidade precisam de reunir para vencer as respetivas categorias.

 

Prémio Almofariz Farmácia do Ano

O Prémio Almofariz Farmácia do Ano, como sublinha Carolina Mosca, “é um prémio que visa distinguir a excelência de uma Farmácia Comunitária em Portugal e o trabalho da sua equipa”. Para a farmacêutica, “o facto de uma farmácia apresentar uma candidatura a este prémio representa, só por si, a intenção de uma equipa em querer demonstrar o cumprimento de uma prática farmacêutica comunitária que responde às necessidades dos seus clientes”.

Carolina Mosca sublinha ainda que a “atividade desenvolvida pelas farmácias deve ser uma componente-chave para a prestação de cuidados de saúde seguros e eficazes, assente num modelo de colaboração entre a própria equipa da farmácia, as pessoas que vivem com doença e os restantes profissionais de saúde, com o objetivo de melhorar os resultados em saúde e a prevenção da doença na população em geral”.

 

O que é mais relevante numa candidatura?

“O mais importante é o fator disruptivo”, indica Henrique Santos, acrescentando que “assim tem sido ao longo dos últimos anos e chegámos a um nível de candidaturas que não se imaginava há dez anos”. Cada vez mais, por exemplo, as farmácias usam “técnicas de gestão de equipas e de motivação dos colaboradores e focam-se em resultados”, acrescenta.

Uma candidatura deve, assim, demonstrar “capacidade de inovar e implementar serviços diferenciados nos cuidados prestados, que melhorem a experiência e respondam às necessidades dos utentes. Isto inclui a adoção de novas tecnologias, programas de educação e literacia em saúde para os utentes e relações profícuas com outros profissionais de saúde”, especifica Gabriela Plácido.

Além disso, para a farmacêutica, é, igualmente, importante “demonstrar uma organização interna eficiente, um ambiente de trabalho colaborativo, sem esquecer a formação continua da equipa e bons resultados económico-financeiros, mantendo a atividade de forma consistente ao longo do tempo”.

Por seu turno, Carolina Mosca aponta a relevância de “serem candidaturas apresentadas por equipas motivadas, comprometidas, consciencializadas sobre aquela que é a sua missão e conscientes da importância de se ajustarem e adaptarem a novas realidades, assente num espírito de maior integração de cuidados, fomentado as relações de confiança e de proximidade que orientam a sua atividade”.

Paralelamente, é também “muito importante a ética profissional e a saúde financeira da farmácia, salvaguardando assim a que a atribuição do prémio seja realizada a uma farmácia preocupada com a sua sustentabilidade”, acrescenta.

 

Em caso de indecisão, o que é privilegiado?

Depois da apresentação das três candidaturas finalistas, o júri reúne para deliberar e tomar a decisão de qual será a farmácia merecedora do prémio. “Em caso de indecisão, entre duas farmácias, valorizo a saúde financeira da farmácia, a ética profissional e a prestação de cuidados diferenciadores, visando aportar ganhos em saúde para as pessoas e para a sociedade”, sublinha Carolina Mosca.

Por seu turno, Henrique Santos refere que, em caso de indecisão, aquilo que valoriza é “um foco muito grande na implementação de serviços e cuidados farmacêuticos no sentido de transformar a farmácia verdadeiramente num espaço de saúde”.

Já Gabriela Plácido destaca a “evidência de inovação, criatividade e sustentabilidade nas abordagens utilizadas. A introdução de métodos ou tecnologias inovadoras que resultem em melhorias significativas na prestação de serviços que sejam consistentes pode ser um fator decisivo. A inovação demonstra a capacidade de se adaptar e evoluir no setor e reflete um permanente compromisso com a saúde a longo prazo”.

 

Por que é importante ganhar este prémio?

Este prémio, como sintetiza Gabriela Plácido, tem por objetivo “reconhecer o trabalho, o esforço e a dedicação da equipa da farmácia, motivando-a a continuar a melhorar e a inovar”. Deste modo, como complementa, “dá visibilidade e permite que se posicione como um exemplo para que outras possam inspirar-se e motivar-se a seguir os seus passos”. Além disso, “localmente, se bem divulgado, aumenta a credibilidade e a notoriedade da farmácia, reforçando a confiança dos clientes nos seus serviços”.

Mas há ainda outra grande mais-valia, como destaca Carolina Mosca, “na análise que é realizada às candidaturas apresentadas pelas farmácias, é feita uma apreciação do trabalho da farmácia, onde são identificados os pontos fortes e pontos a melhorar, são identificadas novas oportunidades e podem também ser sugeridas algumas questões pertinentes que vão acrescentar valor para a farmácia e que poderão ter impacto nos seus utentes e na sua equipa”.

 

Prémio Almofariz Intervenção na Comunidade

O Prémio Almofariz Intervenção na Comunidade distingue uma farmácia comunitária por um projeto ou conjunto de projetos de intervenção na comunidade onde está inserida.

 

O que é mais relevante numa candidatura?

“A originalidade e eficácia dos projetos que devem centrar-se em programas que respondam às necessidades concretas da comunidade que a farmácia serve. Iniciativas que, não sejam pontuais, que demonstrem sustentabilidade e que possam ser mantidas a longo prazo, beneficiando continuamente a comunidade, são um importante fator na avaliação das candidaturas”, indica Gabriela Plácido.

Já Carolina Mosca considera mais relevante “os projetos inovadores e disruptivos de intervenção na comunidade onde a farmácia está inserida. Uma farmácia inserida na sua comunidade consegue identificar as temáticas relevantes e intervir de um modo diferenciador. O público-alvo dos projetos e os parceiros comunitários envolvidos são também considerados”.

Também para Henrique Santos, um dos fatores mais relevantes na candidatura é o “impacto que a farmácia possa ter na comunidade, de modo a que ela própria seja um parceiro de outras estruturas como os municípios ou os centros se saúde”.

 

Em caso de indecisão, o que é privilegiado?

Neste ponto, para Henrique Santos, “interessam os resultados e os impactos”, ou seja, “não basta fazer projetos é preciso medir resultados; por exemplo que impacto tem uma campanha de controlo da pressão arterial, perceber se realmente houve uma diminuição da pressão arterial na população”. Daí que, em caso de indecisão, para o farmacêutico, o que diferencia duas candidaturas “são os resultados. A saúde tem de ser medida e neste tipo de prémio estamos extremamente sensíveis à medição dos impactos na saúde das pessoas”.

Carolina Mosca concorda: “em caso de indecisão entre dois projetos de intervenção na comunidade, o resultado final para a população, assim como o impacto do prémio na escalabilidade do projeto poderão ser fatores decisivos. Um projeto que valorize o ato farmacêutico será sempre muito interessante”.

Também Gabriela Plácido sublinha a abrangência do projeto e o seu impacto mensurável. “Muito importante a evidência clara dos dados apresentados”. Por isso, para si, os critérios de desempate passam por “projetos que atinjam um maior número de pessoas, que beneficiem grupos particularmente vulneráveis, que promovam melhoria na saúde da comunidade ou a eficácia de novos serviços podem ser preferidos devido ao seu alcance e potencial de transformação”.

 

Por que é importante ganhar este prémio?

O prémio “é um reconhecimento dos parceiros de um projeto de farmácia e é o reconhecimento de projetos disruptivos que saem das paredes das farmácias, que levam a imagem da profissão até à sociedade”, declara Henrique Santos.

O prémio valoriza e promove “as boas práticas e a responsabilidade social das farmácias, encorajando outras farmácias a seguirem o exemplo. Por outro lado, ganhar o Prémio Intervenção na Comunidade destaca a farmácia como um agente ativo e comprometido com o bem-estar da comunidade. Este reconhecimento pode fortalecer as relações com os utentes e estabelecer a farmácia como um ponto de referência para cuidados de saúde locais, refere Gabriela Plácido.

A atribuição do prémio é também, como complementa Carolina Mosca, “um incentivo às outras farmácias para que possam ser reconhecidas como farmácias inovadoras, com implementação de projetos de Intervenção na Comunidade diferenciadores e que tragam valor acrescentado para as pessoas e respetiva comunidade”.