Prémios Pfizer distinguem investigação sobre cancro do estômago, retina e reprogramação celular 205

A edição deste ano dos Prémios Pfizer distingue estudos sobre o cancro do estômago, retina e reprogramação celular tumoral. As bolsas têm um valor total de 60 mil euros.

Os trabalhos premiados são desenvolvidos por equipas lideradas pelos cientistas Ana Magalhães (i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto), Caren Norden (Instituto Gulbenkian de Medicina Molecular) e Filipe Pereira (Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra), segundo um comunicado divulgado, ontem, pela Lusa.

Promovidos pela farmacêutica Pfizer, que financia, e pela Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, que designa o júri que avalia as candidaturas, os Prémios Pfizer são a distinção mais antiga (desde 1956) para a investigação biomédica em Portugal.

 

Cancro gástrico

A equipa de Ana Magalhães, do i3S, descobriu, recorrendo a amostras de tumores de doentes, uma molécula presente nas células do cancro gástrico associada a “maior invasão tumoral” e a um “pior prognóstico dos pacientes”.

A molécula em causa, a Syndecan 4, é transportada por vesículas extracelulares produzidas pelas células tumorais e direciona estas vesículas para o fígado e pulmão, órgãos onde “é comum aparecerem metástases de cancro do estômago”.

A descoberta contribui para a “compreensão de um novo mecanismo de comunicação das células tumorais”, ao identificar um “potencial alvo” para desenvolver terapias direcionadas para travar a metastização (formação de tumores secundários a partir de um primário).

 

Retina

O grupo liderado por Caren Norden, do Instituto Gulbenkian de Medicina Molecular, usou o peixe-zebra como modelo, tecido humano e organoides de retina (células de retina cultivadas em laboratório a partir de células humanas) para estudar a “migração dos fotorrecetores”, células que captam a luz e possibilitam a visão.

Nas pessoas, problemas na migração dos fotorrecetores podem causar complicações na retina.

A equipa de Caren Norden descobriu que estas células “se movem de forma coordenada”: inicialmente afastam-se do local onde se formaram e depois regressam.

Tal movimento ou migração “facilita o crescimento organizado” da retina, membrana interna do globo ocular que contém as células sensíveis à luz.

 

Reprogramação de células

O trabalho coordenado por Filipe Pereira, do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, consistiu na reprogramação de células de cancro (humanas e de ratinhos) em células que apresentam antigénios tumorais, “proteínas específicas na superfície celular que distinguem células saudáveis de células anormais”.

Segundo Filipe Pereira, citado em comunicado, os resultados obtidos “foram promissores”, uma vez que “quando as células reprogramadas foram injetadas em ratinhos com tumores, houve uma redução no crescimento dos tumores, um aumento na sobrevivência dos animais e uma melhor resposta a tratamentos de imunoterapia já existentes”.