Prescrição mobile permite que médicos passem receitas no telemóvel 31 de Julho de 2014 Até ao final do ano, pretende-se criar uma aplicação que permita aos doentes ter acesso a receitas sem ser necessário estar frente-a-frente com o médico. A versão mobile da prescrição eletrónica vai permitir que os médicos passem receitas através do telemóvel.
«Assinam com a chave móvel digital e os doentes recebem uma sms com os códigos que lhe permitem comprar os medicamentos na farmácia», explica o presidente da Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), Henrique Martins. «Um médico pode estar no Porto a receitar medicamentos a um doente que está de férias no Algarve», acrescentou junto do “Público”.
Pretende-se ter, no próximo Natal, «2% do total de receitas aviadas por dia (ou seja, 15 mil) levantadas nas farmácias sem necessidade de papel», antecipa o presidente da SPMS, notando que «há toda uma cultura que tem que mudar».
Henrique Martins quer que todas as unidades do Serviço Nacional de Saúde estejam preparadas para poder ter receitas sem papel já a partir de janeiro de 2016, mas sabe que o processo vai levar anos até ficar concluído.
Nos países pioneiros, como a Finlândia e a Suécia, «foram precisos dez anos para se conseguir a desmaterialização total», recorda Henrique Martins, que esta sexta-feira vai fazer uma demonstração do funcionamento do sistema para a comunicação social.
Atualmente, por mês, são aviadas cerca de sete milhões de receitas médicas em Portugal, mas sabe-se que uma parte significativa, «15%», não são levantadas por várias razões, por exemplo, porque o cidadão não tem dinheiro ou porque não segue a posologia recomendada. Quando o novo sistema estiver completamente operacional, os médicos passam a poder perceber se os seus pacientes compraram ou não os medicamentos receitados, diz. «Uma das grandes vantagens para o médico é a de perceber se o doente comprou ou não os medicamentos», enfatiza. O novo sistema ajuda ainda a combater a fraude nesta área, porque uma receita que já tenha sido aviada numa farmácia é automaticamente invalidada.
Para que o sistema funcione (e as farmácias já estão quase todas equipadas), é preciso ainda distribuir leitores de cartões de cidadão pelos hospitais e pelos centros de saúde do país, de forma a que os médicos possam utilizar a assinatura eletrónica. Numa primeira fase, vão avançar 16 centros hospitalares e unidades locais de saúde, além dos consultórios dos médicos dentistas, adianta. Nos hospitais é mais fácil fazer isto do que nos centros de saúde e porque os consultórios dos médicos dentistas já têm todos leitores de cartões de cidadão, explica. |