No dia em que promove o Fórum do Medicamento, onde será apresentado o estudo sobre o acesso à inovação nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) denominado por “Índex Nacional do Acesso ao Medicamento Hospitalar”, a Associação dos Administradores Hospitalares (APAH) propõe que os hospitais criem parcerias com centros de saúde e farmácias para permitir aos doentes levantar os medicamentos de uso hospitalar mais próximo de sua casa.
“Não faz sentido que um doente de Bragança, seguido no São João, por exemplo, tenha de ir ao Porto levantar um medicamento. Faz sentido que os hospitais tenham parcerias em outras unidades do Serviço Nacional de Saúde, sejam outros hospitais ou centros de saúde, bem como com farmácias, mais perto da casa das pessoas”, indicou o presidente da APAH, Alexandre Lourenço.
O presidente da APAH, em declarações à agência Lusa, defende que se generalize a prática de colocar medicamentos de uso hospitalar mais próximo dos doentes de forma a “melhorar a adesão terapêutica” e como “estratégia de proximidade”.
“Sem isso, estamos a criar uma barreira. Há pessoas que têm de faltar ao trabalho. Ou há doentes com esclerose múltipla que não podem conduzir”, explicou.
Segundo o estudo, os hospitais indicam que entre as condições que mais restringem o acesso a medicamentos se encontram a falta de recursos humanos, sobretudo farmacêuticos e no setor do aprovisionamento.
O representante dos administradores hospitalares sobre esta situação sublinha as “dificuldades dos hospitais no recrutamento de recursos humanos”, profissionais que seriam fundamentais para melhorar o acesso a medicamentos e até para reduzir custos.
“Os recursos humanos, em comparação com a despesa em medicamentos, é um valor ínfimo e que podia melhorar a redução do desperdício e o acesso ao medicamento”, afirmou.
Alexandre Lourenço defendeu também a criação de tempos máximos de resposta garantidos para os processos de aprovação de medicamentos inovadores, para melhorar o acesso e evitar desigualdades.
“Devia existir uma convergência do modelo de procedimentos e dos tempos de resposta. Faz sentido ter a definição de tempos máximos de resposta garantidos para os vários modelos ou fases de aprovação de medicamentos inovadores”, indicou.
Para o presidente da APAH a definição destes tempos “devia ser um trabalho conjunto dos hospitais, da Ordem dos Médicos, da Ordem dos Farmacêuticos e liderado pela Autoridade do Medicamento (Infarmed)”.
Alexandre Lourenço sugere ainda que os hospitais criem modelos de aprovação de medicamentos mais convergentes ou semelhantes, uma espécie de “manual de aprovação de medicamentos mais ágil”, que tenham em conta a definição de tempos máximos de resposta, até porque defende que os tempos máximos de resposta deviam ser definidos para as várias fases de aprovação de um medicamento hospitalar inovador: as aprovações antes da autorização de introdução no mercado, antes da decisão de financiamento pelo SNS e depois quando o medicamento entra no seu circuito normal já com a aprovação de mercado e com a decisão de financiamento.
Segundo este estudo, em 54% dos hospitais do SNS são envolvidos entre quatro a cinco departamentos ou serviços diferentes antes de ser submetido um pedido de utilização de um fármaco antes de ter a autorização de introdução no mercado.