Presidente da Fundação Bial acredita que parapsicologia vai ser ramo da ciência
24-Mar-2014
O presidente da Fundação Bial, Luís Portela, afirmou à “Lusa” que a comunidade científica deixou de ser «tão» preconceituosa face à parapsicologia que, acredita, ainda vai ser reconhecida como ramo da ciência.
«Sou um homem com as minhas convicções desde muito jovem e, portanto, sou um espiritualista. Admito a existência da espiritualidade e admito que eu não sou propriamente o corpo, mas sou a partícula de energia que anima este corpo», revelou.
Na opinião de Luís Portela, a ciência deve «arregaçar as mangas» e investir «forte» no esclarecimento espiritual da humanidade, investir na investigação, levantar o véu da ignorância e procurar a verdade «pura e simples».
Esse sempre foi, é e continuará a ser o caminho que a ciência terá de fazer, considerou.
«Continuo convencido de que muitos dos fenómenos que são atribuídos como fantásticos são meras fantasias, mas também de que nós temos disponível uma forma de energia característica e fantástica para aquilo que até agora conhecemos e que, se colocada ao nosso serviço, se bem atualizada pela humanidade, pode permitir uma forma melhor de viver, uma forma de enquadramento harmonioso a nível universal de respeito pelo próprio, pelo outro e pelo universo», frisou.
Educado como cientista, Luís Portela acredita que, hoje em dia, o preconceito para com a parapsicologia está a desaparecer.
«O preconceito será ainda menor quando um número maior de investigadores na área da parapsicologia fizer um bom trabalho, seja respeitado e publicável nos mais diversos sítios», frisou.
Luís Portela observou que, cada vez mais, os investigadores na área da parapsicologia chegam a revistas de topo, onde é difícil publicar, e onde só divulga quem faz investigação a sério.
É um caminho que não se faz de um momento para o outro, vai demorar algumas décadas a ter expressão no seio da humanidade e da ciência, disse.
O presidente da fundação lembrou que na parapsicologia já não há só psicólogos, mas médicos, físicos e matemáticos.
Na sua opinião, nas últimas décadas, há uma interligação cada vez maior entre a parapsicologia e neurociência.
Entre 26 a 29 de março, a Fundação Bial realiza o 10.º Simpósio “Aquém e Além do Cérebro”, no Porto, e vai discutir a criação de interfaces entre a atividade mental e computadores ou meios mecânicos, tais como robots.
Lançando a discussão em torno das “Interações Mente-Matéria” e da nova área de investigação das interfaces cérebro-máquinas, o simpósio tem implicações que vão muito para além da esfera científica, e que contemplam questões de ordem ética, clínica e social.
O encontro será inaugurado com uma conferência intitulada “From Mind to Action” (da Mente à Ação), proferida pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis.
Miguel Nicolelis esteve em destaque quando apostou com a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, que seria possível um paraplégico dar o pontapé de saída do Campeonato Mundial de Futebol de 2014.
Fundação Bial aproximou neurociência e parapsicologia em 20 anos de existência
A Fundação Bial, a comemorar 20 anos de existência, contribuiu para o desenvolvimento e aproximação da neurociência à parapsicologia, que estavam «bastante» de costas voltadas, afirmou hoje à “Lusa” o presidente da instituição.
«Durante o século XX, ou grande parte dele, houve pouca investigação científica na área da parapsicologia e, em paralelo, houve algum misticismo e negócio em torno da ignorância das pessoas, o que descredibilizou um pouco a área», afirmou Luís Portela.
Na sua opinião, a parapsicologia vem «paulatinamente» a progredir e conquistar terreno na área da ciência, sendo já acolhida como uma disciplina científica.
«Mais cedo ou mais tarde, vai ser aceite como um ramo da ciência como outro qualquer», frisou.
A Fundação foi constituída em 1994 pelos Laboratórios Bial, em conjunto com o Conselho de Reitores das Universidade Portuguesas, com a missão de incentivar o estudo científico do ser humano do ponto de vista físico e espiritual.
Luís Portela explicou que, ao longo destes anos, a fundação tem procurado apoiar, com algum significado, a investigação científica, quer em Portugal quer no mundo, através da atribuição do prémio Bial e de bolsas de investigação.
O prémio, que este ano assinala 30 anos desde a sua primeira edição, contempla a investigação básica e a pesquisa clínica através de duas modalidades: o Grande Prémio BIAL de Medicina e o Prémio BIAL de Medicina Clínica.
Atribuído de dois em dois anos, o prémio já mobilizou 1.315 investigadores, médicos e cientistas, autores de 580 obras candidatas. Nas 15 edições realizadas, distinguiu 231 autores (91 obras premiadas).
«O prémio Bial recompensa investigadores portugueses, mas também dos mais diversos países, tendo hoje uma boa reputação», disse Luís Portela.
Por seu lado, o Sistema de Bolsas de Investigação Científica tem por objetivo incentivar a investigação centrada no ser humano, nomeadamente, em áreas ainda pouco exploradas, como a psicofisiologia e a parapsicologia.
As bolsas, num valor compreendido entre cinco a 50 mil euros, já beneficiaram 461 projetos de mais de 1.000 investigadores, provenientes de 27 países.
«Devo dizer que à partida não imaginava que, em 20 anos, as coisas pudessem assumir esta dimensão», sublinhou o presidente da Fundação Bial.
Para a investigação e desenvolvimento, Luís Portela revelou que os Laboratórios Bial canalizam, anualmente, 21 a 22% dos lucros.
O responsável indicou que a verba direcionada para a Fundação Bial varia entre os 0,2 e 0,4%, verba que assume ser pequena mas que tem dado frutos.
Na atual conjuntura económica, Luís Portela avançou que a preocupação da Fundação Bial, na questão do investimento na investigação, é manter a dinâmica dos últimos 20 anos.
«Nunca tivemos qualquer apoio do Estado, nem sequer o pretendemos», realçou.