Presidente da República pede consenso dos partidos sobre candidatura à EMA 592

Presidente da República pede consenso dos partidos sobre candidatura à EMA

 


16 de junho de 2017

O Presidente da República (PR) pediu ontem que os partidos «estabilizem a opinião» sobre a localidade portuguesa a candidatar à Agência Europeia do Medicamento (EMA), escolham «a que tem melhores hipóteses de ganhar» e «remem na mesma direção».

«O que o PR pode desejar, em primeiro lugar, é que rapidamente os partidos definam uma posição. Se é a que tinham, se é outra e qual: Porto ou Braga. Depois, que definam por consenso, para um não defender uma coisa e outro defender outra», pediu Marcelo Rebelo de Sousa, questionado sobre a possibilidade de ainda haver unidade nacional relativamente à localidade portuguesa a candidatar à sede da EMA, que deve abandonar Londres com a saída do Reino Unido da União Europeia.

«É preciso todos juntarem-se para que Portugal ganhe, porque isso é que é importante», acrescentou, em declarações aos jornalistas na Póvoa de Varzim, alertando para a necessidade de o acordo partidário ser «rápido», porque está em causa uma «luta muito difícil», com «hipóteses limitadas», pelo que importa não as tornar «impossíveis».

«O que posso pedir é que os partidos estabilizem a opinião, cheguem ao acordo possível e depois remem todos na mesma direção, senão o que já é difícil torna-se impossível», frisou o chefe de Estado, à margem de cerimónia de homenagem à Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar, com o título de membro honorário da Ordem de Mérito.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, é «prejudicial» a polémica que se tem gerado em torno da candidatura de Portugal à EMA, com vários políticos e localidades a reivindicar a sede da agência europeia, depois de o Governo ter escolhido Lisboa.

«À partida todos tinham a mesma opinião. É preciso ficar claro quem tem agora uma opinião e quem tem outra. Ficar claro a que tem melhores hipóteses para ganhar e, depois, todos juntarem-se para que Portugal ganhe, porque isso é que é importante», vincou.

Marcelo lembrou que, «há um mês, a Assembleia da República aprovou, por unanimidade, um voto de saudação e apoio a Lisboa como local escolhido na candidatura portuguesa».

«É natural que os partidos mudem de opinião e tenham entretanto aparecido outras hipóteses no quadro da descentralização. Fala-se do Porto e de Braga. Mas é preciso que, rapidamente, os partidos definam uma posição», avisou o PR.
A Câmara do Porto aprovou na terça-feira, por unanimidade, criar um grupo de trabalho para candidatar a cidade a acolher a EMA, mas apenas se o Governo garantir «rever» a decisão de candidatar Lisboa.

A deliberação foi tomada com base numa proposta do PS, à qual o presidente da Câmara, o independente Rui Moreira, sugeriu acrescentar a ressalva de que o Porto preparará candidatar-se «no prazo máximo de 30 dias», apenas se for garantido que «o Governo pode ainda rever a decisão tomada».

Numa carta dirigida a Rui Moreira, a que a “Lusa” teve acesso, o primeiro-ministro explica ter decidido candidatar Lisboa devido à «conveniência da proximidade do INFARMED» e por «ser fator de preferência a existência de Escola Europeia, que só Lisboa poderá vir a ter».

Entretanto, um grupo de deputados do PSD defendeu a instalação da EMA em Coimbra, tendo questionado o Governo sobre se a cidade foi estudada como alternativa a Lisboa para receber aquele organismo.

Na quarta-feira, o PSD questionou o Governo sobre as razões para candidatar Lisboa e «preterir outras cidades portuguesas», inquirindo se «alguma outra opção foi sequer considerada».

No mesmo dia, o presidente da Câmara de Braga criticou o Governo e a União Europeia por não ter recebido ‘até à data» nenhuma informação «concreta» e «rigorosa» sobre os requisitos para acolher a EMA.

A 9 de junho, um grupo de deputados do PS eleitos pelo Porto questionaram o Governo sobre os «estudos que sustentam a decisão de localização» da EMA.

Na cerimónia de homenagem à Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar, o chefe de Estado elogiou a «instituição que tem servido esta terra, esta gente e o país».

«Os portugueses estão gratos aos que sabem cuidar, nas horas fáceis mais também nas horas muito difíceis, e ao longo de muitos anos, pelos que se sacrificam pela comunidade», afirmou.