No âmbito do Dia Nacional da Doação de Órgãos e da Transplantação, que se assinala a 20 de julho, Cristina Jorge, Presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT), alerta para o facto de a escassez de recursos humanos poder condicionar os resultados da atividade da transplantação em Portugal.
Apesar de a atividade da transplantação estar dependente de órgãos disponíveis e de a procura continuar a ser muito superior à oferta, “para que ocorra a colheita de órgãos de um potencial dador tem de existir muita organização e profissionais motivados para a transplantação”, refere a Presidente da SPT, esclarecendo que “a escassez de recursos humanos na saúde e em especial na área da colheita e da transplantação também condicionam o resultado desta atividade”. Neste contexto, a especialista em nefrologia lamenta que muitas equipas estejam minimizadas e a trabalhar no limite das suas capacidades.
Para comemorar o Dia Nacional da Doação de Órgãos e da Transplantação, o IPST e a SPT juntam-se para promover uma reunião no dia 20 de julho, subordinada ao tema “Sustentabilidade da doação e transplantação” envolvendo representantes de organizações do panorama nacional da transplantação, representantes de associações de doentes e outras entidades e profissionais de saúde envolvidos na colheita e transplantação de órgãos.
Cristina Jorge explica que, como a própria palavra indica, ‘sustentabilidade’ diz respeito ao modelo de sistema que tem condições para se manter ou conservar. “Para mantermos a atividade da transplantação, devemos divulgar e explicar a importância da colheita e da transplantação de órgãos na sociedade, apelar e enaltecer o altruísmo da dádiva em vida e promover e acarinhar os profissionais envolvidos nesta atividade, frisando a necessidade de lhes conceder boas condições para o exercício desta tão nobre área da medicina”.
Adicionalmente, na ótica da Presidente da SPT, os dadores e as suas famílias devem ser recordados e reconhecidos como essenciais para que a transplantação de órgãos se possa manter. Por outro lado, aos candidatos a transplante e aos doentes transplantados devem ser oferecidas as melhores condições de avaliação e seguimento. Neste sentido, Cristina Jorge defende “a possibilidade de flexibilização do pedido de exames a estes doentes, para além da Unidade Hospitalar onde são seguidos, a promoção do seu acompanhamento também por vídeo ou teleconsultas e de proximidade junto da sua área de residência”.
Relativamente a ações futuras, para aumentar a capacidade de colheita, “além do dador em morte cerebral e do dador em paragem cardiocirculatória não controlada, já em curso, deve também ser avaliada a possibilidade da colheita em dadores em paragem cardiocirculatória controlada, à semelhança do que acontece já noutros países como no nosso país vizinho”, aponta a nefrologista.